segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Espetinhos chineses? Tô fora!

Dizer que a comida chinesa é “exótica” é um grande eufemismo!  Dá uma olhadinha nas fotos abaixo e depois me responde. Antes, um aviso: só veja as fotos se você tem o estômago forte!

 Espetinhos de escorpião, cavalo-marinho, estrela-do-mar...
...espetinho de lula, eu acho.
Ou que tal aranha ou lacraia no palito?
E isso aqui seria o quê? Uma lagartixa aberta?
Esse escorpião tá mais rechonchudo!
Tem também gafanhoto...

...bicho-da-seda e uns besourinhos...

E aqui uma variedade: minhoca, lacraia e sei lá mais o quê.

E aí, gostou? Saiu correndo para o banheiro? Aposto que fez aquela cara feia, de nojo...
Então, que tal trocar o “exótica” por “repugnante”? Pelo menos, no que diz respeito a esses espetinhos, não dá pra usar palavra diferente, concorda?
A verdade é que estava ansiosa pra conhecer a famosa Wangfujing Dajie, a rua dos tais espetinhos que são sempre lembrados quando se fala de comida chinesa. É uma das ruas mais populares da cidade – tem 700 anos – e é um dos símbolos do comércio de Beijing. Fica a poucos metros da Praça da Paz Celestial, ou seja, pertinho daqui também. Fui empenhada em provar as “iguarias”, mas quando cheguei lá, cadê a coragem? Ficou em casa! Não dá, gente. Cheguei perto, fiquei olhando, e não consegui imaginar aqueles bichos descendo por minha goela abaixo. Acho que acabaria vomitando, o que seria terrível, porque a rua estava lotada! Certamente eu iria “batizar” o sapato de algum chinês distraído.
A gente pensa que esses espetinhos são só pra turista, mas não é bem assim. Um chinês comprou dois espetinhos de escorpião e comeu bem ali na minha frente. Argh! E olha que o vendedor do quitute ainda deu uma pincelada nos bichinhos... deve ser o “tchan”da coisa!
Chegamos a parar para perguntar o preço: 25 RMB cada espetinho com três escorpiões – mais ou menos 7 reais. Baratinho, né? Mas achamos caro – desculpa pra não comprar – e não levamos. Pra ser sincera, queríamos tirar uma foto fingindo que estávamos comendo o tão delicioso petisco chinês, e o “alto” preço serviu de desculpa pra deixar pra próxima. Parece que tem barraca que vende o espetinho por 10 RMB, mas não encontramos por esse preço. Era domingo, rua lotada, dia de “pegar” os turistas!
No fim das contas foi interessante conhecer mais esse lado de Beijing. A Wangfujing é uma grande rua, com lojas de marca, dois grandes shoppings, e onde fica uma das maiores livrarias da cidade, a Foreign Language Bookstore. A parte dos espetinhos, juntamente com várias lojas que vendem inúmeras bugigangas chinesas, fica num beco lateral. Me senti na "Saara", no centro do Rio. Igualzinho, tirando os espetinhos, é claro.
A "Saara" de Beijing lotada.
Já provei alguns pratos chineses e até gostei, mas espetinho AINDA não dá! Certamente ainda vou voltar outras vezes lá na Wangfujing pra levar os amigos que vierem nos visitar. Aí, quem sabe, tomo coragem e experimento um espetinho daqueles? Será? Façam suas apostas!

Dia Tricolor em Beijing

O dia aqui em Beijing amanheceu grená, branco e verde, pra alegria do tricolor solitário que mora aqui em casa. Às três da manhã estavam todos de pé: o trio vascaíno mais uma vez já pulou da cama uniformizado, enquanto que o torcedor do Fluminense, mas comedido, preferiu deixar a camisa do time dele guardada na gaveta. Assim como no Engenhão, as torcidas aqui ficaram separadas: vascaínas na sala e tricolor no quarto, trancado. Acho que nem ele acreditava no que estava por vir. Nem eu! Sei que clássico é clássico, que qualquer um poderia vencer, mas confesso que não esperava uma vitória tão elástica do Fluminense. Demos até sorte de não levar mais gols, já que o time das Laranjeiras desperdiçou pelo menos duas ótimas chances de aumentar o placar, quando já vencia por 3 a 1. Não achei que o Vasco jogou mal: teve suas oportunidades e não fez, ao contrário do Flu. O Vasco ia pra cima, mas a bola insistia em não tomar o caminho do gol adversário. Batia na trave, no goleiro, passava raspando... não era o nosso dia! Era dia do Fluminense. Dia do time que suou pra se classificar, que teve a pior campanha dos quatro semifinalistas, mas que acabou campeão! Isso se chama futebol - o Vasco somou 21 pontos na fase de classificação e o Fluminense apenas 13. E daí? Méritos para o Fluminense, que venceu quando mais precisava vencer. Parabéns aos tricolores! Agora ficamos na torcida pra nos reencontrarmos na final do campeonato. E aí, quem sabe, a vez de gritar “É campeão!” possa ser nossa. A torcida aqui do outro lado do mundo continua firme e forte. Sempre!
Que sorriso de felicidade!!!


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vasco x Flamengo na China

Hoje acordamos cedo pra assistir ao jogo entre Vasco e Flamengo. No Brasil era o final da noite de quarta-feira de cinzas, mas aqui já estávamos começando mais um dia. Às 8 da manhã desta quinta-feira, estávamos as três, eu, Amanda e Giovanna em frente aos computadores, com as camisas do Vascão, é claro. A Amanda, pra variar, assistia à partida ao mesmo tempo em que ficava “twittando”... ah, essa garotada! Quase não presta atenção ao jogo.
Conseguimos um site que disponibiliza a programação de várias emissoras do Brasil em tempo real. Tem alguns canais de TV por assinatura também. Então, em dia de jogo, lá estamos nós ligados no Brasil. Assistimos pela Globo, já que as TVs por assinaturas não estavam querendo entrar. Foi um jogão e o resultado final melhor ainda! É claro que teve o sofrimento inicial, mas nossa torcida daqui ajudou. O maridão só acordou no finalzinho, não era o time dele. Agora é esperar o jogo de logo mais pra ver quem o Vasco vai enfrentar na grande final. Vou torcer para que seja o Fluminense. Aí a madrugada de domingo pra segunda vai ser “quente” aqui em casa. Ainda mais depois que a Gigi decidiu que a partir de agora só vai torcer para o Vasco. Não preciso nem dizer que o Pai ficou danado da vida, fazendo mil chantagens. Mas deixa ele... meu poder de persuasão é bem melhor do que o dele!

"Casaca, Casaca! Casa, Casa, Casaca! A turma, é boa! É mesmo da fuzarca! Vasco, Vasco, Vasco!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Templo Lama e Templo de Confúcio

Hoje mais uma vez saímos para explorar as atrações de Beijing. Elas são muitas e é preciso ir vendo tudo aos poucos. Fomos conhecer o Templo Lama (Yonghegong), também chamado de Templo Lama da Paz e Harmonia. Além de templo é também um mosteiro do Budismo Tibetano.

Como já mencionei anteriormente, os chineses não tem religião, mas praticam algumas filosofias. E, pelo visto, o Templo Lama é um dos locais preferidos do pessoal daqui, porque estava cheio. Os chineses vão até lá para homenagear Buda.

A rua onde fica Templo é repleta de lojinhas que vendem incensos. Sabe porta de cemitério que é cheia de floriculturas? Aqui são dezenas de lojas vendendo incensos.

Por todo Templo há pequenos fogareiros que os chineses usam para acender esses incensos. Eles seguram as varetas e ficam meditando em meio a muita fumaça. Muita mesmo! Mas o cheiro não é forte.
Portal na entrada do Templo Lama
Acendendo os incensos num dos fogareiros.
Muita fumaça!

O Templo tem cinco grandes salões separados por cinco pátios. Eles abrigam diferentes Budas: Buda Maitreya, Buda Gautama, Buda Kasyapa Matanga... é muito Buda!! E em cada um dos salões lá estão dezenas de chineses com seus incensos, prestando suas homenagens, rezando, refletindo... Não é permitido tirar fotos nas salas.
Algumas pessoas se ajoelham diante dos salões que abrigam os diferentes Budas.
Bandeirinhas coloridas, com textos escritos, enfeitam os pátios.

Um fato curioso. Como não podem acender os incensos dentro dos salões onde ficam os Budas, alguns chineses apenas depositam as varetas nas mesas próximas aos altares. De vez em quando alguns funcionários do Templo passam nos salões recolhendo esses incensos que não foram usados e enchem sacos e mais sacos deles. Certamente levam de volta pra vender lá fora. Chinês não é bobo nem nada, certo?
Me chamou a atenção a estátua de 18 metros de altura do Buda Maitreya que fica no Pavilhão das Dez Mil Felicidades. Ela foi esculpida em uma única peça de sândalo branco (mas ela não é branca, é amarelada).
Essa figura foi a única que deu pra fotografar. Calma, essa aí podia!

Além dos Budas há algumas figuras exóticas, como o Avalokitesvara Bodhisattva. Que nome, hein? É uma espécie de criatura com vários braços. Um ser da sabedoria que está pronto ou adiantado para alcançar o estado de Buda. Mas como o blog aqui também é cultura, vamos às explicações:

Buda é um título dado, na filosofia budista, aqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos demais seres. A palavra "buda" lembra não apenas um mestre religioso que viveu em uma época em particular, mas toda uma categoria de seres iluminados que alcançaram determinada realização espiritual. As escrituras budistas tradicionais mencionam pelo menos 24 budas que surgiram no passado, em épocas diferentes.

Muita gente confunde Buda com o Hotei, aquela figura rechonchuda e sorridente, carequinha que, na verdade, é um dos Sete Deuses da Sorte. Conheço muita gente que tem esse “carequinha” em casa e o coloca virado de costas para a porta de entrada.

Aproveitamos a visita para bater o grande sino de bronze que fica logo na entrada do Templo. São três batidas apenas. Dizem que traz sorte e espanta os maus espíritos.
10 RMB (menos de R$3,00) para bater 3 vezes no sino.
Também rodamos um dos vários cilindros de orações espalhados pelo local. Coisa de turista. Só não acendemos nenhum incenso.
Cilindro de orações.
Pátio de entrada.

Panorâmica do pátio de entrada.

O Templo Lama é interessante e me lembrou um pouco Salvador, na Bahia, talvez por ser um lugar místico.
Pertinho dali fica o Templo de Confúcio, outra figura importante na história chinesa. Confúcio foi um pensador, educador e filósofo chinês da época das dinastias Yuan, Ming e Qing. Ele pregava a moral, justiça, sinceridade, lealdade familiar, respeito aos idosos e as crianças, o bom relacionamento entre as pessoas e a família como base de tudo. Seus ensinamentos e pensamentos ficaram conhecidos como Confucionismo.
Entrada do Templo de Confúcio.
Confúcio viajou pelos reinos da China levando sua doutrina e filosofia e, ao longo do caminho, foi reunindo seguidores e teve 12 importantes discípulos. Essa história me lembra alguém... Só que os registros apontam que Confúcio viveu entre 551 a.C. e 479 a.C. Dizem que é dele a expressão "não faças aos outros o que não queres que façam a ti", uma das versões mais antigas da ética da reciprocidade. Seu livro mais famoso, Os Anacletos, também conhecido como Diálogos de Confúcio, é uma obra que foi tão lida na China quanto a Bíblia no ocidente.
Imagem de Confúcio logo na entrada do Templo.
Mas pelo que vi os chineses gostam mais de Buda do que de Confúcio. Talvez porque Buda seja mais místico e Confúcio mais intelectual. O Templo de Confúcio estava vazio. As muitas salas espalhadas pelo Templo contam detalhes da história do pensador chinês, mostram muitos de seus escritos, instrumentos usados para transmitir sua doutrina através da música, maquetes de lugares visitados por ele, estátuas, etc.
Estátuas de Confúcio.

Maquete do Templo.

Instrumento musical.

Esculturas retratando as viagens de Confúcio pela China.

Confúcio.

Ao lado do Templo de Confúcio está a Academia Imperial (Guo Zi Jian), onde era ensinada a doutrina confucionista. É interessante ver nos dois lados da via central do primeiro pátio cerca de 200 lápides onde estão escritos os nomes dos melhores classificados nos concursos públicos nacionais durante as dinastias Yuan, Ming e Qing. São mais de 50 mil nomes. Era o sistema de exame mais importante da antiguidade chinesa.
 
Entrada da Academia Imperial.

Salão principal da Academia Imperial.

Algumas das centenas de lápides com os nomes dos vencedores dos concursos da Academia.
Instruídos e, porque não dizer, “um pouco zen” com a fumaça de tantos incensos, pegamos o caminho de volta pra casa. Mas pra terminar, uma historinha rápida: fiz sinal para um táxi. Ele parou e eu, bobinha, fui caminhando devagar. Pra quê? Dois chineses mais que depressa cortaram a minha frente e entraram no táxi! É, aqui é assim: deu mole, perde a vez! Esses chineses precisam ler um pouco sobre a doutrina de Confúcio...
Lá foram os dois chineses que passaram a perna na gente!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Gigi Pop Star

Os chineses adoram mesmo tirar fotos com ocidentais. E quando acham uma ocidental tão linda quanto a Giovanna, aí não resistem! Ontem, na Cidade Proibida e no Parque Jing Shan a Gigi fez sucesso. Todo mundo queria tirar foto com ela.
Gigi e suas fãs chinesas. 
As crianças menores pareciam hipnotizadas: ficavam olhando como se estivessem diante de uma boneca. E ela é uma bonequinha mesmo, não é? Preciso de um babador!

 
 
Não se cansavam de dizer "piao liang", bonita em chinês.


  

  A menininha ficou "hipnotizada". 

Até eu "tirei uma casquinha".
Os chineses só faltaram fazer fila pra tirar fotos com ela. Foi uma disputa só.
 
Alguns diziam "beautifula".
 
 



 
Gigi e seu fã clube chinês.
Alguns ficavam tirando foto meio que escondidos, mas quando eu notava, falava pra Gigi olhar pra máquina ou para o celular do chinês ou da chinesa e fazer uma pose. Acho que ela gostou da brincadeira, porque entrou no clima.
Afinal, esse “assédio” não foi uma surpresa. A Gigi já é uma Pop Star. Tem até estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. Vejam só:

 
 
Quem quiser uma foto autografada da Gigi Pop Star é só mandar um e-mail para a blogueira aqui. Afinal, sou a mãe e a empresária também!
Ou, se vocês preferirem tem foto dos "camaradas" Caputo e Andréa. Que tal?

A Cidade Proibida

Ontem entramos na Cidade Proibida. Nós e, posso dizer com toda certeza, centenas de chineses e alguns laowai (estrangeiros) como nós. O lugar estava cheio, mas o passeio foi tranqüilo. É incrível visitar mais uma parte da história da China que só conhecia através dos livros. A Cidade é tão grande, com tanta coisa, que é difícil escolher o que ver primeiro, dentre tantos palácios, jardins e pequenos museus que contam parte da história dos monarcas das Dinastias Ming e Qing. Tem muita coisa bonita e muita coisa de gosto duvidoso. Mas gosto é gosto e cada um tem o seu. E os imperadores adoravam um dourado, vermelho, amarelo. Amarelo, por sinal, era a cor destinada ao Imperador.

Mas porque esse nome, “Cidade Proibida”? Hora da pesquisa: o imperador morava ali juntamente com sua família, suas concubinas, centenas de serviçais e os eunucos (homens que tinham o pênis e os testículos cortados e que tomavam conta das amantes do imperador). Por conta do forte sistema de segurança que controlava a entrada e saída de pessoas do local, muitos dos funcionários que viviam na cidade nunca chegavam a colocar os pés fora da cidade. Somente o imperador e alguns conselheiros reais e militares tinham liberdade para entrar e sair . Durante 500 anos a Cidade Proibida foi uma espécie de clausura para 24 imperadores que dali controlaram a China.

Superstição, misticismo, feng shui, confucionismo... é possível encontrar um pouco de tudo isso espalhado pela Cidade Proibida. Nada está ali por acaso. Tudo tem um significado. O número de colunas de cada palácio; os detalhes nas pontas dos telhados; os animais que guardam cada local; a arquitetura presente sempre busca a harmonia entre o homem, a natureza e o divino. É só dar uma olhadinha em alguns dos nomes presentes dentro da Cidade Proibida: Porta da Suprema Harmonia, Hall da Harmonia Central, Hall da Suprema Harmonia, Hall da Preservação da Harmonia, Porta da Pureza Celestial, Palácio da Pureza Celestial, Hall da União, Palácio da Tranqüilidade Terrena, Palácio da Longevidade Tranqüila, Porta das Façanhas Divinas, Palácio da Abstinência, Hall do Refinamento Mental, Hall dos Mil Outonos, e por aí vai. Tudo muito zen.
Foto Panorâmica das cinco pontes de mármore, símbolo das cinco virtudes do confucionismo.

Hall da Harmonia Central.
O colégio pediu e nós tiramos a foto num ponto turístico.
Leõa de Guarda na frente da Porta da Suprema Harmonia

 
 
 

 Esculturas usadas para a colocação de incenso.

Esses caldeirões eram usados para apagar incêndios.

Detalhe dos Guardiões do Telhado

Um dos muitos tronos dos palácios da Cidade Proibida.

Pista de Mármore. A rampa central, esculpida com dragões em busca de pérolas, era reservada somente ao imperador.


A Cidade Proibida é um local limpo, como todos os que já visitei até agora por aqui. Mas me chamou a atenção à má conservação das mobílias, tetos, paredes. Alguns móveis não vêem um paninho de pó há muito tempo! Tudo bem que são coisas antigas, mas podiam estar mais bem cuidadas. Existem vários “becos” nas laterais da cidade que parecem coisa velha, mesmo. Uma pinturinha cairia bem. Mas apesar desses detalhes, o local é bonito e, o mais importante, é pura história. Lá dentro não pude deixar de pensar como o meu Pai gostaria de visitar aquele lugar. Ele que sempre me deu verdadeiras “aulas” de história e me mostrou o mundo em seus inúmeros livros na biblioteca lá de casa. Ele vai estar vendo as fotos, mas como seria bom que pudesse estar aqui pra ver, junto com a Mamãe, um pouquinho desse outro lado do mundo.
Liteira usada para transportar o imperador.

Robe de seda com detalhes em ouro usado pelo imperador.

Entrada para os Jardins Imperiais.

Um dos pavilhões dos Jardins Imperiais.

Detalhe do teto de um dos pavilhões.

Elmo usado pelos imperadores.

Num dos "becos" da Cidade Proibida.

Dinheiro acumulado em um dos lagos congelados dos Jardins Imperiais.

Montanha da Elegância Acumulada. Que nome, hein?


Escultura de elefante na saída norte da Cidade Proibida.

Saída norte.



Depois de umas três horas num sobe e desce escadas, entra e sai em palácios e jardins e muitas dezenas de fotos, fomos visitar o Parque Jing Shan (Colina da Vista ou da Paisagem) que fica bem em frente à saída norte da Cidade Proibida. Muitos chamam o local de Colina do Carvão, porque parece – não é comprovado - que armazenavam carvão do sopé da montanha. Na realidade a colina foi criada com a terra escavada na construção do palácio da Cidade Proibida. O local servia para proteger os palácios imperiais das influências malignas do norte – coisa do feng shui.
Parque Jing Shan visto da saída norte da Cidade Proibida.

Subir os degraus que levam ao alto da colina cansa. São degraus estreitos, para pezinhos chineses. Tentei subir de dois em dois, mas confesso que me cansei do mesmo jeito. A falta de preparo físico e o frio deixaram as pernas duras. Parei várias vezes num trajeto de 180 metros. É uma boa subidinha. Mas o esforço vale a pena quando se chega lá em cima. A vista é muito bonita. É possível visualizar Beijing numa visão de 360 graus. Pena que o tempo estava meio nublado e atrapalhou um pouco. Se a Cidade Proibida já impressiona lá embaixo, imagina como é bonita vista lá de cima. Parece não ter fim. É um complexo enorme!
A construção principal do alto da colina Jing Shan abriga um Buda enorme, todo dourado. É o Pavilhão das Dez Mil Primaveras. Não é permitido tirar fotos da estátua. Uma pena. Vi alguns chineses se ajoelhando para reverenciar o Buda. Os chineses não costumam ter uma religião, já que o Partido prega o ateísmo – e o culto as religiões é controlado. Mas a cultura chinesa tem suas filosofias, como o Budismo, Confucionismo, Taoismo. Os chineses são politeístas, ou seja, crêem em mais de uma divindade.
Pavilhão principal do Parque Jing Shan.

No alto da colina há ainda dois pavilhões menores nas laterais. Lá em cima, um chamariz para os visitantes: tirar foto vestido(a) como imperador ou imperatriz. Como verdadeiras e boas turistas, eu e Gigi – a Amanda não foi ao passeio - aproveitamos pra nos vestir de Imperatriz. Vale o mico.
"As imperatrizes".
Na descida conhecemos o local onde Chongzhen, último imperador da dinastia Ming se enforcou, aos 34 anos, em 1644. A placa no local indica que aquela ainda é a árvore que ele usou para se enforcar. Mas há relatos de que a árvore original foi cortada e substituída por outra.  Será que ela é falsa? Bem, como estou na China, tudo é possível! Ah, esses chineses! Mas, voltando à história de Chongzhen: ao perceber que a cidade estava sendo invadida por rebeldes e que não tinha como se render, o imperador matou com as próprias mãos toda a sua família, exceto o príncipe herdeiro que ordenou que levassem para um local seguro, e fugiu para o Parque Jing Shan, juntamente com seu principal eunuco, Wang Cheng’em.  Em sinal de lealdade, o eunuco se enforcou ao lado do imperador. Chongzhen deixou uma carta dizendo a seus algozes que podiam fazer o que quisessem com seu corpo, mas que poupassem a população civil de qualquer mau trato. O imperador Chongzhen virou herói do povo.
Árvore onde Chongzhen se enforcou.

Pavilhão principal e o pôr do sol. 

A China imperial não era muito diferente dos impérios e países do ocidente. Os poderosos tinham tudo, conforto, mordomias, muitas mulheres. Uma vida completamente diferente daquela dos cidadãos comuns que viviam com inúmeras dificuldades. O tempo passou, o mundo mudou, evoluiu, mas algumas coisas, infelizmente, permanecem as mesmas, no Brasil, na China, em qualquer lugar.

Já assistiu ao filme “O Último Imperador”, do diretor italiano Bernardo Bertolucci? O filme, que retrata a vida do imperador Pu Yi, foi o primeiro longa-metragem a receber autorização do governo chinês para ser filmado na Cidade Proibida. Em 1988, recebeu nove indicações para o Oscar e ganhou todas elas.

Sinopse do filme: A saga de Pu Yi, o último imperador da China, que foi declarado imperador com apenas três anos e viveu enclausurado na Cidade Proibida até ser deposto pelo governo revolucionário, enfrentando então o mundo pela primeira vez quando tinha 24 anos. Neste período se tornou um playboy, mas logo teria um papel político quando se tornou um pseudo-imperador da Manchúria, quando esta foi invadida pelo Japão. Aprisionado pelos soviéticos, foi devolvido à China como prisioneiro político em 1950. É exatamente neste período que o filme começa, mas logo retorna a 1908, o ano em que se tornou imperador.