domingo, 13 de janeiro de 2013

Um Ano na China!


Há exatamente um ano chegávamos à Beijing! Lembro o quanto ficamos “assustados” com o frio de -13° no dia da chegada. Nunca havíamos sentido nada igual. Hoje, um ano depois, a temperatura também anda muito baixa e, apesar de quase congelarmos lá fora, já não nos surpreendemos com tanto frio. Aqui dentro de casa é bem melhor, é claro, e não é preciso usar várias camadas de roupa como quando vamos pra rua.

Como já falei outras vezes, me surpreendi com muita coisa aqui na China. O país evoluiu a cada dia, na busca pelo título de economia número um do mundo, mas a desigualdade social ainda é bem grande. A maior parte da população é de baixa renda, mas também vem crescendo o número de novos ricos no país. Aqui em Beijing espanta a quantidade de carrões que circulam pelas ruas. E, a maioria é dirigida por gente jovem. Será a cara da nova China? Acredito que ainda não! O poder está na mão de poucos e poucos ainda se beneficiam dos tempos modernos. Até aqui parece que os chineses são um povo conformado e que preferem não reclamar das dificuldades, já que tem casa, comida e emprego. Não há reclamações nas ruas – também se houvesse sofreriam retaliações – e o que leio é que nas redes sociais chinesas, alguns já reivindicam mudanças.

O governo está mudando agora em março – apesar da transição já ter começado em outubro – e alguns críticos apontam para um presidente mais liberal – já se fala em internet mais livre - mas também porque o crescimento da China deu uma desacelerada no último ano e isso está preocupando os líderes chineses.

Mas não estou aqui para falar de política. Estou aqui para aproveitar a oportunidade de conhecer uma cultura diferente. E tenho aproveitado bem, dentro do possível. O frio, agora, impede um pouco as minhas “expedições” pela cidade. Mas logo estarei novamente com minha mochila nas costas, máquina fotográfica pronta e muita disposição para conhecer a China e outros lugares aqui do Oriente.

Uma de minhas satisfações e ver minhas filhas falando chinês. A Amanda já fala e escreve bem o Mandarim. E a Gigi, apesar de mais tímida, também já consegue se virar com algumas frases e também escreve os ideogramas com a maior facilidade. Muito legal!

Ainda temos um ano e oito meses pela frente e é estranho viver um paradoxo, uma contradição: ao mesmo tempo que curto nossa passagem por aqui, fico pensando na hora de voltar... É a danada da saudade que bate forte dentro da gente! Mas o blog tá aqui pra isso: pra dividir, principalmente com quem está longe, a minha “aventura” aqui do outro lado do mundo. E vamos em frente, que ainda tem muita coisa pra contar!

Observações desse 1° ano:

Não acredite que vai encontrar aqui na China tudo que você vê aí no Brasil, nos Estados Unidos ou onde quer que seja que tenha uma etiqueta “Made in China”. A coisa pode ser feita aqui, mas nem sempre está a disposição no mercado interno chinês. Isso é a mais pura verdade.

Estivemos agora por 10 dias nos Estados Unidos e me fartei de ver produtos fabricados na China que nem sonho em encontrar por aqui. A variedade nas prateleiras norte-americanas é de fazer inveja – no bom sentido - a qualquer um! Aqui não tem muita opção. E o problema é, por exemplo, como usar uma máquina de lavar se as instruções do painel estão todas em chinês? Por sorte dá pra achar alguns manuais na internet, dependendo do modelo do produto.


O que se torna chato aqui, com o tempo, é ter que pechinchar os preços nos principais mercados turísticos da cidade. É sempre a mesma história: o preço começa lá na casa das centenas, bem alto, e acaba lá pelas dezenas, bem baixo. Mas até “bater o martelo” é uma negociação que já está me deixando sem paciência. É tão bom entrar num lugar, ver o preço na etiqueta e decidir: compro ou não, tá caro ou barato... Nada de discussões... Quer comprar, compra. Não quer, vai embora.

Mas os preços daqui no geral são bons? Sim, comparando com o Brasil são muito baratos! É preciso só ficar de olho na qualidade. Afinal, quase tudo por aqui é “fake”.


É complicado entrar numa farmácia e não ter a mínima ideia do nome do medicamente que quer comprar. Tá tudo em ideograma! Em algumas farmácias mais “ocidentais” ainda é possível encontrar algo em inglês, mas na maioria é um sufoco! O jeito é apelar sempre para a ajuda da intérprete! Santa criatura!


Andar de táxi, ou melhor, esperar que um táxi pare é uma aula de paciência. Pode levar 5, 10, 40 minutos... Vai depender da sua capacidade de esperar ou desistir logo. Já desisti muitas vezes, quando o local era perto, e preferi sair andando. Mesmo no frio! Se a sorte está ao meu lado, não demora muito para um bom samaritano parar. Aí é a vez de testar o chinês. Já consigo ser entendida! U-huuu! Quando não consigo “fazer contato”, estico o cartãozinho com o nome e o endereço do local desejado e assunto encerrado!

Negociação pra andar de riquixá já praticamente não existe. Eles dizem o preço, eu mando o meu e logo nos entendemos. Eles percebem quando somos “moradores” daqui. Ufa! Menos uma ladainha de negociação pela frente!


A comida chinesa é ruim? Depende do que você vai pedir. Já estou bem adaptada aos cardápios daqui e como “quase” tudo. Só evito os apimentados, que são muitos. Por falar em comida, Beijing é uma cidade que te oferece uma boa variedade de restaurantes internacionais. Só passa fome quem quer!

As frutas daqui são ótimas. Agora, por exemplo, é época dos morangos e consigo uns enormes e deliciosos. Não tem aquela coisa de grande por cima e miudinho por baixo da caixa. Compro morango por quilo. Mais caro do que no Brasil, mas a qualidade é bem superior. Vale a pena.


Como falei, estivemos por 10 dias nos Estados Unidos. Lá tem regra pra tudo e as pessoas respeitam as leis, ou são multadas. Aqui as multas também acontecem, mas os chineses não aprendem e continuam desrespeitando quase tudo, principalmente quanto o assunto é o trânsito. Um caos total! Retorno onde não é permitido, estacionamento em qualquer lugar, carro passando pela calçada, motos quase te atropelando na calçada também... Parar num cruzamento e ficar olhando é uma coisa de louco! Pior que eles acabam se entendendo... Como? Não sei! Às vezes parece que vai dar um nó, mas vai carro pra lá, vem carro pra cá, atravessa um monte de gente na frente, passa uma dezena de bicicletas e o trânsito, a trancos e barrancos e lentamente, vai fluindo. O problema é levar 30 minutos num trajeto que poderia fazer em 5!


Cusparada na rua: a coisa estava até tranquila, mas com a chegada do frio, e consequentemente com o aumento dos resfriados e das gripes, a situação piorou. Essa semana mesmo um senhor “puxou lá do fundo do pulmão” algo ENORME, com um tremendo barulho – eles não se preocupam com discrição – que preferi rapidamente mudar de posição na calçada, para não presenciar o momento em que o adorável senhor ia expelir o que estava lhe importunando! Écaaaaaaaa! Fazer o quê? Cada um com seu cada um! Aqui é cusparada, aí no Brasil tem lugar em que os homens não se acanham em colocar o “bilau” pra fora, para aquela tradicional retirada da “água do joelho”.


País diferente, povo diferente, cultura diferente... É essa diferença que me fascina e que me leva a sair por aqui pra conhecer as coisas. Não dá para desperdiçar essa oportunidade. Um ano já se foi, ou melhor: acrescentei um ano de descobertas a minha vida e espero acrescentar ainda mais a cada dia que passo aqui do outro lado do mundo.

Como diz um texto do Arnaldo Jabour que li essa semana:

“Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais..."

Então, vamos aproveitar a vida da melhor maneira possível!


Madrugada do dia 13 de janeiro de 2012 - Uma recepção calorosa na chegada à Beijing.







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