quarta-feira, 26 de junho de 2013

Do campo para as cidades

Já comentei aqui no blog sobre as muitas obras que vejo pelos locais que visitamos aqui na China. Centenas de arranha-céus brotam no meio das cidades e, muitas vezes, no meio do nada.


São centenas de obras por todas as cidades, como
essa que vi quando fomos para Tianjin, em fevereiro.


O governo chinês, de olho no crescimento do PIB, está fazendo o contrário do que muitos países fazem: trazendo a população do campo para os grandes centros. Veja, no link abaixo, a reportagem da Folha-Uol que saiu hoje, dia 26 de junho: em 12 anos o governo quer transferir 250 milhões de pessoas das áreas rurais para as cidades.



Condomínios enormes estão sendo construídos 
para abrigar as pessoas que vão chegar das áreas rurais.


Mas eu pergunto uma coisa? Os chineses estão calculando o impacto ambiental de toda essa transformação? E também o impacto de novos milhares de habitantes nas cidades e, consequentemente, mais carros, mais bicicletas, mais gente nas ruas?

Andar em Beijing, no horário do rush – se é que aqui existe UM horário de rush – é um exercício de paciência. O trânsito não anda! Trajetos de um quilômetro podem demorar meia hora para serem percorridos.

Quando cito um possível problema ambiental, falo da poluição que atinge diariamente índices alarmantes. Se fosse levar ao pé da letra o que determina a OMSOrganização Mundial de Saúde – não sairia de casa por um bom tempo, porque o ar lá fora está quase sempre poluído. Acho que vou deixar parte do meu pulmão aqui na China!

Esse ano teve dia virando noite por causa de tanta poluição.
 

Os chineses dizem estar tentando solucionar esse problema do ar, mas é algo que ainda deve demorar, já que o país é muito dependente da energia gerada pelas usinas de carvão. Mas a poluição não vem somente das indústrias, mas também dos milhares de veículos que circulam diariamente pelas cidades. Um número que aumenta a cada dia, já que o chinês somente há pouco tempo descobriu e começou a ter acesso aos carros. E olha que as motos, por aqui, são somente as elétricas – pra ter moto movida a combustível parece que é preciso uma autorização especial. Em dois anos só devo ter visto umas cinco aqui por Beijing.
  
Voltando a falar dos carros. Antes de comprar um veículo o chinês precisa se inscrever para um sorteio de placas. Isso mesmo: sem placa não pode comprar um carro. Parece que anualmente são distribuídas, aqui em Beijing, 240 mil novas placas. Só que são mais de 1,4 milhões de candidatos por sorteio. Uma loucura. A capital chinesa introduziu o esquema de sorteio de placas em 2011, numa tentativa de diminuir o número crescente de carros nas ruas e os enormes engarrafamentos. Em 1997, Beijing possuía um milhão de carros nas ruas, número que pulou para alarmantes 5,2 milhões em 2012 – dados da agência de notícias Xinhua News.


Trânsito bom assim é coisa rara.

E olhe que estou falando apenas de Beijing, mas outras cidades chinesas enfrentam os mesmos problemas com o trânsito e com poluição.

Esse aumento da população nas cidades certamente vai implicar num aumento de veículos, por mais que o governo limite a frota. Ai, meu Deus! Mais "barbeiros" pelas ruas.

O trânsito chinês é um verdadeiro caos.
Muitas vezes os carros ficam parados, no meio da rua,
um esperando o outro dar passagem.
Reflexo do recente boom de automóveis no país.

A reportagem da Folha-Uol também fala do problema social que implica essa mudança da população do campo para a cidade. O camponês normalmente é uma pessoa humilde e de poucos conhecimentos. Sua subsistência no campo é uma coisa, na cidade será outra completamente diferente. O que vai fazer uma pessoa que passou a vida toda – para os mais velhos – trabalhando na lavoura e dela tirando seu próprio alimento? Vai arrumar emprego aonde na cidade? Muitos falam que ficam sem fazer nada o dia inteiro, porque não arrumam emprego. O governo precisa olhar isso.

No Brasil, a ida de pessoas do campo para as cidades tem favorecido o surgimento de novas favelas e o aumento da população de rua. As pessoas ficam sem emprego, sem casa, sem comida e passam a roubar. Aqui na China acho que eles não correm esse risco. Primeiro, porque estão recebendo moradia; segundo, porque o governo promete um plano de ajuda de custo para aqueles que abandonaram seus empregos no campo; e terceiro, a realidade aqui é outra. As pessoas sabem que se passarem para o mundo da bandidagem, podem acabar presas e até pior: alguns, quando roubam ou matam, pagam com a vida.


Se vai dar certo ou não esse êxodo do campo para a cidade, só o futuro dirá. Tomara que os chineses estejam prevendo tudo que pode acontecer e que o lucro com o aumento dos gastos internos da população não vire um pesadelo ou um caminho sem volta. Afinal, o crescimento da China tem reflexos em todo o mundo.

Brasil, o País do Presente!

Não estou alheia aos acontecimentos no Brasil. Aqui de longe acompanho tudo com muita atenção e me uno, pelo menos no pensamento, nessa corrente dos brasileiros em prol de um país melhor e mais justo.

Desde que me conheço por gente que ouço falar que “O Brasil é o país do futuro”. Finalmente acordamos e chegamos a conclusão que é hora de sermos o “País do Presente”.

Entra e sai governo e nada muda, pelo contrário. Só pioram as coisas para o lado do trabalhador que sofre no trânsito das cidades, sofre dentro de ônibus, trens e metrôs que possuem uma infraestrutura precária; sofre mais ainda se precisa de um hospital público; sofrem as crianças que não têm escolas públicas decentes; sofrem os professores mal remunerados e por aí vai.

São tantas as coisas que precisam mudar que não dá pra ficar esperando pelo amanhã.

Falta saúde para o povo e para o País. O Brasil está na UTI e precisa de cuidados urgentes pra não entrar em coma e morrer.

Os movimentos precisam continuar com as reivindicações, mas de forma organizada, sem tumultos e com pautas reais. Começamos e não podemos parar.

Também não adianta sair pedindo pra mudar tudo de uma vez. Vamos por prioridades. Quais são elas? Povo e governo precisam decidir.

Varrer o Executivo, Legislativo e Judiciário é mais do que necessário. Chega de impunidade pra quem desvia dinheiro, ganha propina, se beneficia de cargos e no final não paga a conta do que roubou. No Brasil, só ladrão de galinha vai pra cadeia. E políticos corruptos se reelegem. O povo brasileiro precisa deixar de ser burro e ingênuo!

Nas primeiras linhas desse texto, escrevi que “... me uno, pelo menos no pensamento, nessa corrente dos brasileiros...”. Por que só no pensamento? Porque aqui na China não posso sair e fazer o que muitos outros que estão morando no exterior fizeram, levantando cartazes, levando bandeiras do Brasil para as ruas. O governo chinês não permite manifestações populares e qualquer deslize pode dar até cadeia. E cadeia aqui, é coisa séria.

Mas no momento em que milhões de brasileiros se manifestam no Rio, em São Paulo, Minas e outras cidades do Brasil, eu resolvi fazer a minha parte aqui, de forma silenciosa e singela: fui buscar a Giovanna na escola com a camisa da seleção. Nada a ver com a Copa das Confederações. Apenas a maneira que encontrei de vestir nosso verde e amarelo. Se pudesse, podem ter a certeza de que sairia na rua “enrolada” na bandeira nacional.

Quem acompanha o blog sabe que, sempre que possível, carrego a bandeira do Brasil para os lugares que visito ou em eventos esportivos que assisto. Afinal, sou brasileira, com muito orgulho e com muito amor e quero tornar realidade o sonho de um Brasil melhor. Não quero deixar apenas um país digno para minhas filhas, mas quero VIVER esse país com elas!

Apesar de todos os problemas, tenho orgulho do
meu Brasil.





sexta-feira, 21 de junho de 2013

Hot Pot, o Fondue Chinês


Você já ouviu falar de Hot Pot? Os chineses o chamam de huǒ guō () e adoram. É uma maneira típica usada por aqui – e em grande parte da Ásia – de se comer os mais variados tipos de folhas e de carnes, peixes e alguns legumes, todos cozidos numa água fervendo. Dá até pra chamar de Fondue Chinês.

Ontem, pela primeira vez, fui experimentar mais essa tradicional comida da culinária chinesa. Achei interessante, mas meio sem graça, sem gosto. Imagine comer alface, cogumelo, camarão, carne de carneiro, de boi, entre outras coisas, sem sal, tudo somente cozido? Pois é assim mesmo. Parece comida de doente.

 Os restaurantes de Hot Pot estão por todos os cantos da cidade. Fomos num aqui perto de casa, bem tradicional. Ficamos numa sala previamente reservada – o que é bem comum por aqui – e quando chegamos as panelas de Hot Pot já estavam posicionadas à mesa. Éramos oito pessoas, então eram oito panelas, uma para cada. Em alguns restaurantes as pessoas à mesa dividem uma única panela, mas não é lá uma coisa muito “legal”, porque cada um vai mergulhando na água os mesmos kuaizi – os palitinhos – que coloca diretamente na boca.

Logo que sentamos as garçonetes trataram de encher de água o recipiente da panela, feita de cobre simples por dentro, com detalhes de cloisonné por fora.

As panelas de Hot Pot ainda sem água.


Dentro da panela de cobre havia alguns temperos.


Depois foi a vez de acender os fogareiros, um a um.

Uma das garçonetes acendendo o fogareiro.



Com a ajuda de nossas amigas chinesas Cao e Julia escolhemos o quê comer, dentre um cardápio bem variado. Nossas opções foram: carne de carneiro, carne de boi, folhas variadas, uma pasta de camarão, inhame, gengibre e cogumelos.

Nós mulheres – éramos quatro – bebemos um chá muito gostoso, de rosas, mas que parecia muito com suco de uva. Achei uma delícia. Foi sérvio frio.

Os homens a princípio pediram cerveja, mas como ela estava quente – o chinês não sabe beber cerveja gelada – optaram por refrigerante. 

Aguardamos um pouco para a água ferver e começamos a colocar, cada um em sua panela, o que queria comer. Eu experimentei a carne de carneiro e de boi, a pasta de camarão, alguns cogumelos, algumas folhas e o inhame. No final pedimos também alguns dumplings – conhecidos aqui como Jiao zi – os pasteizinhos chineses.

Pra falar a verdade, não consegui diferenciar gosto de nada. As carnes pareciam todas iguais; as folhas idem e os jiao zi - apesar de serem de três tipos diferentes – também não tinham um sabor muito definido.


Cogumelos variados.


Ah, cada um recebeu um potinho com um molho, mais para doce – que parecia de amendoim – para molhar cada ingrediente depois de cozido. Ficou tudo, então, com gosto de amendoim.


Molho doce, com sabor de amendoim.
Pelo menos não era apimentado.


A carne usada no Hot Pot não tem nada a ver com a que usamos em nossos fondues ocidentais, cortada em cubos. Por aqui, a carne previamente congelada, é partida em finíssimas fatias. O problema é que quando a colocamos na água, ela praticamente desmancha. Eu, como não tenho a mínima intimidade com os kuazi, apanhei pra “pescar” a comida, principalmente as carnes depois de cozidas.


No prato redondo algumas frutas e, mais ao fundo,
as carnes cortadas em tiras bem finas.


 O camarão, como falei antes, foi servido em pasta. Sabe aqueles sacos de confeiteiro que usamos na cozinha para colocar o glacê, para decorar bolos? Pois o camarão estava em algo parecido: vendo nossa falta de jeito, a garçonete chegou e espremeu a pasta em nossas panelas, formando pequenas bolinhas.


Olha a pasta de camarão indo para a panela.

O interessante é que a temperatura da água é tão alta, que a comida não demora nada para cozinhar. No caso da carne, por ser tão fina, levava menos de um minuto pra ficar cozida. O que demorou mais foi o inhame que naturalmente é bem mais duro, apesar de estar cortado como batata-frita palito.

Cozinhando as minhas folhas.


No final das contas foi interessante e valeu a experiência. E descobri porque os chineses são quase todos magrinhos: comer verduras e carnes, tudo cozido na água, sem sal, sem nada? Até eu! Vou fazer essa “dieta”.

A essa altura minha mãe deve estar pensando: “A China está mudando a minha filha”.

Mãe, tô só seguindo seus conselhos, lembra? “É preciso experimentar as coisas pra saber se gosta ou não”.

A Gigi foi com a gente e experimentou quase tudo. Já a Amanda, pra variar, não quis se arriscar e ficou em casa. Essa parece comigo, quando eu era menor: chata pra comer. Mas sejamos sinceros: ela até que melhorou bastante.

Conhecendo e experimentando a culinária chinesa.

Bom, a cozinha chinesa tem uns pratos exóticos, bem diferentes, e eu me arrisco em alguns. Só não vou experimentar, de jeito algum, os espetinhos de escorpião, besouro, bicho-da-seda... Desses, eu passo longe!

Outros ingredientes que podem ser usados no Hot Pot:

Tofu, mexilhões, caranguejo, lagosta, lula, pepino do mar, polvo, espinafre, cenoura, brotos de feijão, vagem, tomate, abóbora, agrião, só para citar alguns. A variedade é enorme. Na verdade, se for fazer em casa, você pode inventar e “saborear” vários ingredientes. Basta ter imaginação. Bom apetite!


Kubla Khan e o Hot Pot

Na entrada do restaurante havia um pôster explicando a origem do Hot Pot.

Há 700 anos Kubla Khan - líder mongol, fundador da dinastia Yuan, neto de Gengis Khan - durante uma guerra, resolveu comer um guisado de carneiro. Quando o cozinheiro estava preparando o prato, Kubla foi avisado que os inimigos estavam muito próximos. Ele então, não teve outra alternativa, a não ser reagrupar seus soldados e voltar para a luta.

Vendo que não haveria tempo para o chefe comer o guisado de carneiro, o cozinheiro decidiu fatiar a carne em pedaços e cozinhá-la em água fervendo. Para dar gosto, acrescentou um pouco de pimenta na água e ofereceu para Kubla, antes dele seguir para o campo de batalha.

Mais tarde, na celebração da vitória, Kubla pediu que o cozinheiro preparasse o mesmo prato, o que ele fez, só que com mais capricho. Kubla Khan gostou tanto que decidiu “batizar” o prato de “Hot Pot de Carneiro”. 

A história do Hot Pot de carneiro.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Amistoso Internacional de Futebol entre China e Holanda

Que os chineses são feras no pingue-pongue e no badmington não há como negar. Mas quando se trata de futebol... Que coisa horrível! Não sei como eles conseguem jogar peteca com os pés, se não têm a mínima habilidade com uma bola.

Ontem fomos assistir ao amistoso internacional entre China e Holanda, no Estádio dos Trabalhadores (Gōngrén tǐyùchǎng  工人体育), aqui em Beijing, e só não vimos um massacre holandês sobre os chineses, porque parecia que os europeus não estavam a fim de se cansar, e porque também não precisaram se esforçar muito para vencer por dois a zero. Parecia treino em câmera lenta.

Como o estádio fica aqui pertinho de casa, fomos de riquixá, os tradicionais triciclos chineses: bem mais barato e bem mais rápido, fugindo do engarrafamento, cortando por entre carros, pessoas, na contramão... Uma aventura!

O estádio não lotou, apesar dos ingressos terem esgotado na internet. Certamente estavam todos nas mãos dos cambistas, que trabalham livremente na frente do estádio, vendendo as entradas a preços bem mais caros. Só que eles devem ter ficado no prejuízo. Interessante que a polícia chinesa, tão enérgica em certas coisas, faz vista grossa para os cambistas.


Ingresso do jogo.

Estádio "vazio".


Sabíamos que a Holanda era a favorita, mas decidimos torcer pela China. Inclusive fomos vestidos a caráter, com a camisa da seleção chinesa.


Do lado de fora do estádio tirando foto com um chinês.



Réplica da Copa do Mundo exposta do lado de fora do estádio.


Engraçado foi ver centenas de chineses – não dá pra falar em dezenas quando se refere à turma dos olhinhos puxados – vestidos com a camisa da Holanda. Isso mesmo: chineses vestidos de laranja! Só que eles vão assistir ao jogo com a blusa da seleção da Holanda, mas torcem pela China, é claro. Coisa de doido.

Chineses com camisas da Holanda.


Criança chinesa bem patriota. 


Camisão chinês na torcida.


A China começou em cima, não dando espaço para a Holanda. Os donos da casa até chegaram a perder um gol feito – o chinês, sozinho, cabeceou por cima do gol vazio.

Mas aí aconteceu o esperado. No primeiro contra-ataque da Holanda deixaram os gringos trocarem passes na área e Robben foi derrubado: pênalti a favor dos visitantes. Van Persie bateu bem – bola de um lado, goleiro do outro – e fez um a zero, com apenas 11 minutos de partida.

Van Persie cobra o pênalti...


...e coloca a bola no canto oposto do goleiro chinês.

Um a zero Holanda.


A partir daí o jogo foi uma sucessão de erros dos chineses, que se já eram ruins com 11, o que dirá com 10 em campo, com a expulsão de um jogador por entrada violenta.

A Holanda só não aumentou o placar no primeiro tempo porque ficou querendo fazer firula com a bola e também porque o goleiro chinês resolveu fazer umas boas defesas.

O goleiro chinês evita mais um gol holandês ao defender a cobrança de falta.


Os holandeses voltaram do vestiário mais dispostos e foram pra cima, com vontade de decidir logo o jogo, numa postura bem diferente do primeiro tempo. Não demorou muito e fizeram o segundo gol, aos 21 minutos. Um golaço de Sneijder, de calcanhar. Os chineses só ficaram dizendo “óóóóóó”. Muito engraçado.


Jogadores da Holanda comemoram o segundo gol.


Mas, apesar da vitória, a Holanda dos craques Robben, Sneijder e Van Persie decepcionou. Perdeu gols por falta de sorte – duas bolas seguidas na trave – e também por falta de capricho nas finalizações.

O momento bizarro da partida ficou por conta do chute de um jogador chinês que mirou no gol e acabou mandando a bola lááááá na lateral. Depois de um lance como esse, não preciso contar mais nada, não é mesmo?

China 0 x 2 Holanda, placar magro para uma seleção do porte da Holanda, vice-campeã mundial.

Placar final do jogo.


A “Laranja Mecânica” está com um pé na Copa de 2014, no Brasil, já que lidera seu grupo nas eliminatórias europeias. Já a China vai ficar de fora de mais uma Copa. E, se continuar jogando esse futebol chinfrim, vai demorar muito para se juntar aos grandes do futebol mundial outra vez. Até hoje os chineses só disputaram uma Copa do Mundo: a de 2002, na Coreia e no Japão.

Jogadores de Holanda e China acenam para o público ao final do jogo.

Apesar da “pelada”, no final de tudo nos divertimos. Fizemos “ola”, gritamos junto com os chineses – “Jia you, Zhongguo”, algo como “Vai, China” e ficamos imaginando, como seria bom ver a seleção brasileira jogar um amistoso aqui do outro lado do mundo. É, esse sonho acho que a gente não vai realizar. Vamos ter que nos contentar em ver nossa seleção pela TV, isso se passarem os jogos da Copa por aqui.

Além de tudo, pra piorar, tem a questão do fuso horário: vai ser duro acordar cedo pra torcer na madrugada. Mas farei o possível para estar na frente da televisão, ou de olho no computador, vestida de verde e amarelo, com o bandeirão na mão, “empurrando” o nosso Brasil. Confesso que não levo muita fé na seleção, mas é claro que não deixarei de torcer pelo hexa!











Os Feriados na China


Com tantos festivais durante o ano, parece que a China vive em festa e que trabalho é coisa rara por aqui. Quem acha isso se engana profundamente.

Realmente os chineses celebram muitos festivais, mas os feriados oficiais, aqueles em que não há trabalho, são apenas sete.

E dizer que não há trabalho também não é verdadeiro, porque alguns trabalhadores não têm folga, trabalham de domingo a domingo, sem descanso. Um regime, muitas vezes, de escravidão.

O governo chinês não dá realmente moleza. Em alguns feriados, mais longos, os trabalhadores são obrigados a compensar os dias de folga, o quê, quase sempre, significa trabalho extra num sábado e domingo.

Como falei, a China possui sete feriados nacionais oficiais e algumas festas tradicionais.

Os feriados nacionais deste ano de 2013 estão listados abaixo. Preste atenção na compensação com trabalho em outros dias.


Feriado
Data
Dias de Férias
Ano Novo
01 - Jan
01-Jan a 03-Jan
(compensado nos dias 5 e 6 de janeiro)
Festival da Primavera (Ano Novo Chinês)
Chūnjié
10 - Fev
09-Fev a 15-Fev
(compensado nos dias 16 e 17 de fevereiro)
Festival Qingming (Dia de limpeza das sepulturas)
Qīngmíng jié 清明
04 - Abr
04-Abr a 06-Abr
(compensado no dia 07 de abril)
Dia do Trabalhador
01 - Mai
29-Abr a 01-Mai
(compensado nos dias 27 e 28 de abril)
Festival do Barco do Dragão
Duānwǔ jié 端午
12 - Jun
10-Jun a 12-Jun
(compensado nos dias 08 e 09 de junho)
Festival do Meio-Outono (Festival da Lua)
Zhōngqiū jié 中秋
19 - Set
19-Set a 21-Set
(compensado no dia 22 de setembro)
Dia Nacional (Fundação da República Popular da China)
01 - Out
01 Out a 07-Out
(compensado nos dias 28 e 29 de setembro)


O Ano Novo Chinês (Festival da primavera) e o Dia Nacional são chamados de “Semana de Ouro” (黄金周) e são períodos de viagem para os chineses.

No primeiro eles costumam viajar para o interior, para visitarem os parentes que, normalmente, só encontram nesta época do ano.

Já as festas tradicionais são várias:

·        8 de março – Dia Internacional da Mulher. As mulheres têm direito a meio dia de descanso.

·        12 de março – Dia da Árvore

·        04 de maio – Festa da Juventude. Jovens acima de 14 anos têm direito a folga de meio dia.

·        12 de maio – Dia Internacional da Enfermagem

·        01 de junho – Dia Internacional da Criança. Folga para crianças abaixo de 13 anos.

·        01 de julho – Aniversário da Fundação do Partido Comunista Chinês.

·        11 de julho – Dia Nacional da Navegação Marítima da China. Aniversário da primeira viagem de Zheng He, navegador chinês do século XV.

·        01 de agosto – Aniversário da Fundação do Exército de Libertação do Povo Chinês. Meio dia de descanso para militares da ativa.

·        10 de setembro – Dia do Professor.

·        08 de novembro – Dia do Jornalista. É até engraçado saber que o chinês comemora essa data, num país em que a imprensa é controlada.

·        21/22 de dezembro – Dia da Chegada do Inverno, Dōngzhì Festival.


Existem, ainda, os festivais que variam de acordo com o calendário lunar:

·        15° dia do 1° mês lunar – Festival das Lanternas (Yuánxiāo jié) . É o último dia do período denominado Ano Novo Chinês, ou Festival da Primavera. Esse ano caiu no dia 24 de fevereiro.

·        2° dia do 2° mês lunar – Festival Zhonghe (Zhōng hé jié), Festival do Dragão Azul.

·        7° dia do 7° mês lunar – Festival Qīxì ou  Zhīnǚ jié. Dia dos namorados na China, dia 13 de agosto de 2013.

·        15° dia do 7° mês lunar – Festival dos Espíritos ou Festival dos Fantasmas (Zhōng yuán jié), 21 de agosto de 2013.

·        9° dia do 9° mês lunar – Festival Chongyang (Chóngyáng jié), Dia dos idosos, dia 13 de outubro de 2013.

·        15° dia do 10° mês lunar – Festival da Paz (Xià yuán jié), dia 17 de novembro de 2013.

·        8° dia do 12° mês lunar – Festival Laba (Làbā jié), dia em que Buddha alcançou a iluminação, aos 35 anos de idade. O do ano de 2013 será celebrado no dia 08 de janeiro de 2014. O que foi celebrado no dia 19 de janeiro de 2013 foi o correspondente a 2012.


Comer trouxinhas de arroz, biscoitos de lua, mingau; beber aguardentes e vinhos; soltar lanternas, participar de corridas de barco-dragão; limpar túmulos, queimar dinheiro e bilhetes, soltar fogos, entre dezenas de outras coisas. Os chineses celebram seus festivais e dias festivos com tradições bem diferentes das nossas, o quê, pra mim, está sendo enriquecedor.

É difícil em dois anos e oito meses aprender sobre tudo isso, mas eu sei que quando deixar a China, estarei levando na “bagagem” muita história pra contar. A maioria delas tenho tentado dividir aqui no blog, mas, mesmo assim, vai ficar muita coisa para trás. A cultura chinesa é realmente muito rica e interessante.