Como falei no e-mail anterior, este ano o Festival de Cinema Brasileiro do Brapeq – Brasileiros na China - foi antecipado para o mês de setembro, para
fazer parte do Mês do Brasil na China.
O 4° BRAPEQ Brazil Film exibe
dramas
familiares, alguns documentários e a história do Brasil contada através de uma
animação que viaja do passado ao futuro.
“Gonzaga, de Pai para Filho” abriu
o Festival na Broadway Cinematheque Moma,
aqui em Beijing. O filme conta a história do conturbado relacionamento do Rei
do Baião, Luiz Gonzaga, com seu filho, o também músico Gonzaguinha.
"Moma", o mesmo local das exibições do ano passado.
Antes da exibição do filme, o diretor Breno Silveira, um sujeito de fala
simples e bem simpático, fez uma pequena apresentação do trabalho dele e contou
que o longa surgiu da escuta de fitas k7 gravadas em conversas realizadas entre
pai e filho – como aparece na história.
Breno Silveira na abertura do Festival.
A escolha dos atores foi um dos grandes trabalhos do
diretor. Ele disse que para chegar ao ator principal foi até o interior de
Pernambuco e colocou um anúncio num jornal local, pedindo que quem fosse
parecido com Luiz Gonzaga se apresentasse para uma seleção. Foram mais de cinco
mil inscritos! Aos poucos Breno foi reduzindo a lista, até chegar a 10 pessoas.
Detalhe: nenhum deles era ator. O escolhido para representar o Rei do Baião no
início de carreira, foi Nivaldo Expedito, mais conhecido como "Chambinho do
Acordeon". O rapaz é realmente muito parecido com Luiz Gonzaga, quando jovem. E,
sinceramente, nem parecia um ator de “primeira viagem”.
"Chambinho do Acordeon" fez o papel de Luiz Gonzaga
em início de carreira.
A foto da esquerda é do verdadeiro "Rei do Baião" e a da direita, do ator do filme.
Bem parecidos.
Adélio Lima interpretou Luiz Gonzada mais velho.
Esse eu não achei tão parecido.
Júlio Andrade, que faz o papel de Gonzaguinha, é um ator que já atuou em diversos filmes do cinema nacional e já fez vários
papéis na televisão. A semelhança dele com Gonzaguinha também é incrível.
Júlio Andrade, o Gonzaguinha no filme.
No elenco também estão atrizes famosas como Zezé Mota
e Silvia Buarque.
O filme mostra algumas imagens originais de Gonzaga pai
e Gonzaga filho e nos leva a recordar sucessos desses dois grandes músicos
brasileiros.
Pai e filho viveram suas desavenças, mas no final
acabaram unidos e dividiram o palco brindando o povo com seus maiores sucessos.
Luiz Gonzaga morreu aos 76 anos, em 2 de agosto de
1989, e Gonzaguinha faleceu pouco mais de um ano e meio depois, em 29 de abril
de 1991, ao 45 anos, num acidente de automóvel.
Pra curtir um pouco de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha,
clique no video acima.
A música é "A Vida do Viajante".
Gonzaguinha canta "O que é, o que é?"
O diretor Breno Silveira tem em seu currículo a
direção do sucesso “Dois Filhos de
Francisco”, que conta a trajetória da dupla sertaneja, Zezé di Camargo e
Luciano.
Outro filme do Festival que
assisti foi “Rio 2096: Uma História de
Amor e Fúria”. No longa de animação, personagens inspirados em lendas indígenas contam
episódios marcantes de quatro períodos da história do Brasil: a colonização, a
escravidão, o Regime Militar e o futuro, em 2096, que mostra um Rio de Janeiro
repleto de arranha-céus futuristas, onde a água potável é um produto raro e
caríssimo. A história é contada do ponto de vista daqueles que combatem o
poder.
Interessante é que numa fala
no ano de 2096, o herói diz que um copo de água está custando “500 yuan”. Yuan é a moeda da China. Será no futuro
a moeda mundial? Ficção ou realidade?
Os anos vão se passando e o
herói imortal vai encarnando em diversos personagens – um índio Tupinambá, um
negro que luta contra a escravidão, um estudante que enfrenta a ditadura e um
guerrilheiro que luta contra o monopólio da água - sempre lutando pela liberdade
de seu povo, não importa em que época esteja. Ao longo dos 600 anos de história
no filme, ele sempre encontra a amada Janaína, com quem vive suas aventuras.
Com roteiro e direção de
Luiz Bolognesi, o filme tem no elenco de dublagem Selton Melo, Camila Pitanga e
Rodrigo Santoro.
Gostei de uma frase do
personagem dublado por Selton Melo: "Viver
sem conhecer o passado é como andar no escuro".
Trailer oficial do filme.
Antes do filme “Rio 2096...” foi exibido o curta de
animação “A Galinha que Burlou o
Sistema”, do diretor Quico Meirelles, filho de Fernando Meirelles, diretor
de “Cidade de Deus”. É a história de uma galinha que tem uma visão e toma
consciência do destino que a espera. Ela então se revolta e tenta mobilizar as
“companheiras” para mudar seu fim.
O Festival conta ainda com outros filmes que, infelizmente, não
assisti:
“Meu Pé de Laranja Lima”, filme baseado no livro
homônimo de José Mauro de Vasconcelos. Quem
viu disse que chorou “horrores”.
“Girimunho”, parte documentário, parte ficção, que mostra a vida
em um vilarejo no Brasil, resgatando mitos e crendices do interior.
“Elena”,
documentário sobre a vida de Elena, aspirante a atriz de cinema
em Nova York, que acaba se suicidando. Quem conta a história é a irmã mais nova
da protagonista, Petra, que dirige e também assina o roteiro, ao lado de
Carolina Zizkind. Um filme que disseram
ser “muito forte”.
“Domésticas” também é mais um documentário. O diretor entregou
câmeras a seis adolescentes que gravaram o cotidiano das famílias brasileiras,
mostrando o dia a dia das empregadas domésticas no local de trabalho.
Sucessos de Festivais
anteriores também marcam presença, como “Reflexões de um Liquidificador” e “Mãe e Filha” da edição de 2011, e ”A Hora e a Vez de Augusto Matraga” e “O
Palhaço” do ano passado.
A animação “Rio 2096: Uma História de Amor e Fúria” foi o filme
escolhido como o vencedor do 4° BRAPEQ
Brazil Film Festival. Um dos
jurados justificou seu voto a favor do filme, elogiando o enredo que, segundo
ele, proporcionou aos chineses conhecer um pouco sobre a história do Brasil,
uma história de lutas, na opinião dele, muito parecida com a história de luta
dos chineses.
Ao centro a curadora do Festival, Anamaria Boschi, e os
jurados, membros da indústria cinematográfica da China.
(foto do BRAPEQ)
Olha eu marcando presença, lá no fundo.
(foto BRAPEQ)
(foto BRAPEQ)
Em Junho, “Rio 2096: Uma História
de Amor e Fúria” já havia sido escolhido como melhor filme do Annecy
International Animated Film Festival, na França.
Agora, de 13 a 15 de setembro o Festival
prossegue em Shanghai.
Algumas sessões especiais serão realizadas de 23 a 25 deste mês aqui em
Beijing, na Academia de Cinema de Pequim, por conta do Mês do
Brasil na China.
De acordo com palavras do Embaixador do Brasil na China, Valdemar
Carneiro Leão, “O Mês do Brasil na China” é uma iniciativa fruto de um acordo entre os
Governos brasileiro e chinês, e será seguido pelo "Mês da China no Brasil”, em outubro. Ainda segundo o embaixador, “Às vésperas
das comemorações do 40° aniversário de nossas relações diplomáticas, trata-se
de uma ocasião especial para aprofundar os laços já existentes entre as duas
nações”.
Embaixador Valdemar Carneiro de Leão no dia
de abertura do Festival.
(Foto BRAPEQ)
Entre as atrações do Mês do Brasil na China, além das mais recentes
produções cinematográficas do país, o público terá a oportunidade de assistir
alguns dos novos talentos da música brasileira, os escritores que têm se
destacado, o trabalho de artistas plásticos e de fotógrafos nacionais, bem como
uma das melhores companhias de dança contemporânea.
Nas palavras do embaixador:
“Trazemos
à China uma amostra cultural de um país dinâmico e variado... um convite à
descoberta do que temos além do futebol e do Carnaval, já mundialmente
conhecidos”.
Pra nós é uma ótima
oportunidade para matar um pouquinho da saudade de nosso querido Brasil.
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