quinta-feira, 19 de junho de 2014

Qingdao - a cidade da cerveja

Oiii. Estou de volta com os posts do blog após um período de poucas saídas por aqui. Faltando menos de dois meses para deixar definitivamente a China, a preocupação ultimamente está voltada para a arrumação da mudança e para as derradeiras comprinhas. 

Mas no final de semana de 6 a 9 de Junho resolvemos fazer as malas e partir para conhecer Qingdao, uma cidade litorânea da China.

Qingdao (Qīngdǎo, ) fica na península de Shandong, as margens do Mar Amarelo, no leste da China. De 1898 a 1914 a cidade esteve nas mãos de alemães e de 1914 a 1922 foi ocupada pelos japoneses, quando voltou ao controle da China.


A localização de Qingdao.

Qingdao tem 32 baías e 69 ilhas. 
Entre elas a Little Qingdao Island que abriga 
um farol construído em 1900 pelos alemães.


O reflexo da ocupação alemã pode ser visto na arquitetura de alguns bairros.

Prédio em estilo alemão.

Mas sem dúvida o maior legado deixado pelos germânicos foi a cervejaria Tsingtao (Qīngdǎo píjiǔchǎng, 岛啤酒 - Tsingtao Brewery Co.,Ltd), inaugurada em 1903. Na realidade a fábrica foi fundada por uma sociedade Anglo-Alemã.


Fábrica da Tsingtao


A Tsingtao é a cerveja mais famosa e a mais exportada do país. Já foi a mais vendida da China, mas perdeu a posição para a Snow Beer, uma joint-venture entre a inglesa SABMiller e a China Resources Enterprises, que em termos de volume é a cerveja mais vendida do mundo.

Entrada do Museu da Tsingtao.

Prontos para explorar o Museu.

Monumento aos 100 anos da cerveja.

No pátio externo da Fábrica-Museu.

Lá dentro, o Mundo da Tsingtao.

Exposição com vários tipos de Tsingtao.

Máquinas antigas.

Simulação de como a cerveja era feita.

O processo era bem artesanal.

Nesta exposição de cervejas de vários países...

...encontramos algumas do Brasil.


Não bebo cerveja, mas experimentei a Tsingtao e achei-a bem leve. Dizem que o segredo dela está na água mineral que vem da montanha Lao Shan, um dos principais pontos taoístas da China, que fica a cerca de 40km de Qingdao.

Na primeira parada de degustação.

 
De repente o local encheu.


Tempos modernos: a produção da cerveja nas latinhas...

... e nas garrafas.

Funcionária fazendo o controle de qualidade.


Conhecendo um pouco da história da Tsingtao.

110 anos de história em 2013.


Os antigos tonéis de madeira e os atuais,
de aço, onde a cerveja é armazenada.

Esse espaço era bem interessante: "A Casa do Bêbado".
O piso lá dentro é inclinado e existe uma pressão que
dificulta andar. Parece que tudo está
rodando: a sensação de quem bebe demais.


A visita à fábrica foi bem interessante. Além da degustação grátis, compramos algumas lembrancinhas.


Segunda parada para degustação. 
Na verdade só dei umas bicadinhas, porque continuo
não gostando de cerveja. Prefiro vinho e caipirinha!!!


Balcão para pegar a cerveja. Bem organizado.


A fábrica e o museu ficam na Dengzhou Lu,
uma rua repleta de restaurantes onde
o ponto forte é a cerveja, é claro.

Retirando a cerveja da serpentina.


Fez sol, choveu e ventou o tempo todo nos três dias e meio que passamos na cidade. A ideia era ir à praia, dar um mergulho, mas a água estava muito gelada. Molhamos só os pés. O litoral de Qingdao possui muitas rochas e a areia da praia é escura, com muitas pedrinhas. 


Na praia em frente ao hotel.

A sereia.

A areia com muitas pedrinhas machuca os pés.

Nosso hotel ficava no Qingdao Seaside Sightseeing Path, um caminho à beira-mar com 40.6km de extensão. É possível caminhar bem pertinho do mar, curtindo a natureza, bem como atrações como museus, praças e diversas áreas de lazer.


Mapa do caminho à beira-mar.

Lugar bonito para relaxar e tirar fotos.


Estátua de Mazu  (Māzǔ,  妈祖), Deusa do Mar, 
protetora dos pescadores e dos marinheiros.


Os costumes chineses, como sempre, são interessantes. Noivas e noivos aproveitam a praia para tirar fotos de casamento. Vi noivas nas pedras, dentro d’água...



As praias como cenário para fotos de casamento.


Os chineses costumam fazer as festas de casamento em hotéis e em Qingdao vimos várias. Na entrada havia sempre um grupo de pessoas – homens e mulheres – vestidos de amarelo e vermelho – tocando tambores, cantando, dançando. Interessante era uma série de “canhões” em fila, na porta dos hotéis. Não vi, mas acredito que eles soltem papel picado na passagem dos noivos.


Preparando o cerimonial na frente do hotel.
  
Vermelho é a cor dos casamentos por aqui.

E pelo visto os hotéis faturam.


Em frente à igreja de São Miguel, vimos um cortejo de carros de casamento. Na frente os noivos, numa reluzente Ferrari vermelha, seguidos por vários Porsches. Casamento modesto!


Chegando para o casamento em grande estilo. 


Na frente da igreja também havia
vários casais posando para fotos.


A Catedral de São Miguel, que fica na parte mais velha da cidade, é uma obra do arquiteto alemão Alfred Frabel e de missionários alemães. Construída em estilo gótico e romano tem duas torres de 30 metros de altura que guardam quatro grandes sinos de bronze. Cada torre tem em seu topo uma cruz. Durante a Revolução Cultural de Mao Tse-tung (1966-1976) os guardas vermelhos destruíram grande parte da catedral. Após uma grande restauração, ela foi reaberta ao público em Abril de 1981.

Catedral Católica de São Miguel, em Qingdao.

Uma das torres.

Imagem de N.Sra. no pátio lateral.

A Catedral é simples e tem em seu interior algumas imagens de santos e bonitos vitrais. Chama a atenção um antigo órgão localizado no lado oposto do altar. O original, de 2400 tubos, foi destruído na Revolução.


Interior da Catedral.

Várias imagens nos corredores laterais da Catedral.


Pinturas nas paredes.

O altar.

Vitral com imagens de santos.

No alto, na entrada, o órgão de tubos.

Aqui ele em detalhe.

Confessionário.


Qingdao abriga a Base Naval da Frota do Norte da Marinha Chinesa. Como bom “marinheiro”, meu marido quis conhecer o Museu Naval
Entrada do Museu Naval, inaugurado em Primeiro de Outubro de 1989,
a data Nacional da China.

O lugar está em obras e o que vimos foram apenas aviões, tanques e navios pra lá de velhos e mal conservados. Os chineses não se preocupam com segurança e subir e descer as escadas de um dos navios que visitamos foi uma aventura, ainda mais com a pequena garoa que insistia em cair. Um passo em falso e o risco de se machucar era grande. Tudo enferrujado, largado... Uma pena. Quem sabe com a reforma que está em andamento – com a construção de um novo prédio – o museu fique mais bem organizado.

Antigos aviões ao fundo.

Equipamento de guerra.

Aproveitando pra subir no tanque de guerra.

Navios antigos muito mal conservados.

Poderiam ao menos pintar os navios...

Na ponte de comando do destroier Jinan.
Incorporado em 1971 e aposentado em 2008, 
foi o primeiro destroier de míssel guiado construído
na China, no estaleiro de Dalian. 


Outro navio "aposentado".


Outro local que visitamos foi o Museu Polar. Tubarões, golfinhos, tartarugas... Inúmeros animais marinhos estão expostos no local. Assistimos a um show de golfinhos, mas que foi bem fraquinho.

Museu Polar.

Pátio próximo ao Museu.

Dentro do túnel.


Observando os tubarões.

Show com leão marinho.

Teve também show com o Beluga.
Esse animal se parece com um golfinho, 
mas tem o focinho mais achatado. 
É chamado também de "Baleia-branca".

Show dos golfinhos.

 
Animais muito inteligentes.


As competições de vela dos Jogos Olímpicos de 2008 foram disputadas em Qingdao, na baía de Fushan. Melhor lugar impossível, porque o que não falta é vento na cidade. A marina de largada das competições ainda abriga uma enorme Tocha e os anéis olímpicos.

Os anéis olímpicos na baía de Fushan.

Lugar muito bonito.

Sede das competições de Vela dos Jogos de 2008.

"Erguendo" a tocha.


Tirando foto com o Pai e com os "fãs" chineses, pra variar.


Nos mastros ao fundo 
ficavam as bandeiras dos países
que disputavam as Olimpíadas.

Marco no chão.


As noivas e noivos também aproveitam a marina
para tirar suas fotos de casamento.

Veículo interessante visto na marina.

Os chineses aproveitam qualquer pedacinho
de água para se refrescar.

Vi, em fotos na internet, que perto de Qingdao existe um antigo trecho da Grande Muralha de Qi, a muralha mais antiga da China, da época do Estado de Qi, no Período das Primaveras e Outonos (1046 a.C. — 771 a.C.). Mas nem as pessoas da cidade conhecem. Tentamos achar, mas só conseguimos chegar a um muro que, obviamente, foi reconstruído. O trecho da muralha Qi antiga que vi em fotos fica a cerca de 300km de Qingdao, em Jinan. Muito longe pra irmos.

Marco da Grande Muralha de Qi,
Qí chángchéng,  齐长城, 
 na cidade de Huangdao.

Muralha de Qi.

Na Muralha.


Quando fomos procurar a muralha, atravessamos a baía de Jiazhou por um túnel de 6,17km, sendo 5,55km debaixo d’água. O Túnel Jiazhou liga a parte norte de Qingdao a parte sul de Huangdao. Foi inaugurado em julho de 2011, juntamente com a ponte a Haiwan Bridge (falo dela mais abaixo).

Entrando no Túnel Jiazhou.


Outra atração da cidade é o a Praça Quatro de Maio. A data marca o movimento do povo chinês, em 1919, contra a aceitação do Tratado de Versailles, que após a I Guerra concedia os territórios de Shandong – anteriormente sob o poder dos alemães - aos japoneses. Na ocasião, protestos eclodiram em todo o país. Para muitos o Movimento marcou o renascimento da China, após milhares de anos de imperialismo, e a ascensão do comunismo.

A Praça Quatro de Maio,
Wusi Guangchang.
五四广场.

A escultura Wuyue de Feng (Vento de Maio) 
é o destaque da bela praça.

Bem pertinho da escultura.

Palácio do Governo em frente à Praça Quatro de Maio.

Pra finalizar tenho que falar de mais um costume interessante dos chineses. Eles, literalmente, acampam na praia. Centenas de barracas estavam espalhadas pelas areias de uma das praias mais “badaladas” da região, a Shilaoren ( shí lǎo rén hǎi shuǐ yù chǎng, 石老人海水浴). Eles chegam cedo, montam as barracas e passam o dia ali, se divertindo. Poucos se aventuram na água. A diversão está mesmo na areia.

Escultura na praia de Shilaoren.
É a Old Man Stone.
Dizem que ela representa um velho pescador
esperando o retorno da filha, que havia se afogado.


Parece até um camping.


Os chineses passam o dia nas barracas.


A praia é bem organizada. Possui banheiros públicos e
pontos para deixar os pertences.

Alguns chineses largam os sapatos na mureta.
Aposto que ninguém ousa roubar. 


Além da Shilaoren, Qingdao tem outras chamadas “bathing beaches”, praias de banho. Como o nome já diz, são praias onde é possível tomar banho de mar, já que existem muitas na região que são cheias de pedras na orla. 

A praia n° 1,
 dì yī hǎi shuǐ yù chǎng, 第一海水浴场

Espaço para malhação na Praia n° 1.

Enquanto crianças brincam na areia...

...alguns adultos aproveitam para nadar.
Na água, boias demarcam o espaço para nadar. 


Molhando os pés no Mar Amarelo.

Mais da praia n° 1.

Quem quiser pode se divertir na água 
pedalando em caiaques.


Algumas praias possuem muitas pedras e ficam desertas.


Nos últimos anos as praias de Qingdao têm sofrido com a proliferação
de algas que cobrem a água de verde nos períodos mais quentes.
Apesar de alguns acreditarem que o fenômeno das algas está relacionado
à poluição das indústrias, alguns chineses não se
intimidam com o problema e aproveitam as praias do mesmo jeito.
Pra chinês não tem "tempo ruim".



Rapidinhas sobre Qingdao:

·      Qingdao abriga a ponte mais longa do mundo, a Haiwan Bridge, que liga Qingdao a Huangdao. Ela possui 26,7km de extensão, e entrou para o livro dos recordes como a maior ponte sobre a água, levando em consideração seu comprimento agregado que chega a 41,58km.  Não visitamos.

A ponte...

...e sua localização no mapa.


·       A cidade está com canteiros de obras em vários pontos, por causa da construção do metrô. A ideia é construir inicialmente 54.7 km de extensão ou 49 estações até 2016 (linhas 1, 2 e 3), num projeto total que prevê 231.5 km, totalizando cinco linhas até 2050. Eles prometem, eles cumprem! As primeiras linhas devem ser inauguradas em 2015.

·       Os motoristas de táxi de Qingdao, ao contrário dos de Beijing, são muito simpáticos. Quase todos que pegamos conversaram com a gente e até se arriscaram com palavras em inglês.

·       O Qingdao Liuting Internatinal Airport é mais um que dá de dez a zero nos nossos aeroportos. Não é muito grande, mas é moderno e organizado. Já há projeto para a construção de um maior, no distrito de Jiaozhou.
Aeroporto de Qingdao.


·       O porto de Qingdao é um dos mais movimentados do mundo.

·       Qingdao é a “casa” da Haier e da Hisense, gigantes da área de eletrodomésticos e eletrônicos, respectivamente, além de ser também sede da Qingdao Henfeng Wind Power Generator Co.,Ltd., líder chinesa na fabricação de turbinas de energia eólica (vento). Outra fonte de energia muito utilizada na cidade é a energia solar.

Prédios com placas de energia solar.


·       Qingdao possui diversas instituições de nível superior, como a Ocean University of China (Zhōngguó Hǎiyáng Dàxué,  中国海洋大学), a mais importante universidade de ciências marítimas de toda a China.

Formandas na frente da Ocean University.

·       A torre de tv da cidade, a Qingdao Tower TV (Qīngdǎo diànshì tǎ, 岛电视塔tem 232 metros de altura e foi construída em 1994. Ela está localizada na colina Taiping. Só vimos de longe.



A Torre de TV de Qingdao na foto que tirei, com o dia nublado,
e na foto que baixei da internet.


·       A Copa do Mundo no Brasil é destaque em Qingdao. No Pizza Hut havia um combo com comida “brasileira”, os funcionários estavam vestidos com detalhes verde, amarelo e vermelho na roupa (vermelho só pode ser por causa da China) e tinha um banner na porta com passistas de escola de samba. Aproveitamos pra tirar foto.

Brasiiiilllll!

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