No post anterior escrevi sobre
o sistema de transportes de Beijing e falei sobre as modernas estações
ferroviárias da capital. E nada melhor para conhecer a história das ferrovias
chinesas do que visitar o Museu Ferroviário
da China (Zhōngguó
tiědào bówùguǎn, 中国铁道博物馆), localizado no sudeste da Praça da Paz Celestial, bem em frente a Torre Qianmen.
O Museu Ferroviário da China.
O Museu fica no prédio da antiga Zhengyangmen
East Station, construída em 1903 e que começou a funcionar em 1906.
Um belo painel em madeira no hall de entrada
mostra a evolução do sistema ferroviário da China.
Do trem a vapor...
... Ao trem bala.
Durante mais de 130 anos, desde 1876, quando a primeira ferrovia começou
a ser estabelecida na China, a indústria ferroviária chinesa enfrentou períodos
de dificuldades. O Museu Ferroviário, assim como vi no Museu Nacional,
relaciona o avanço da indústria ferroviária do país ao Socialismo com características
chinesas, adotado a partir da fundação da República
Popular da China, em 1949.
Apesar de todos os problemas vividos pela sociedade semifeudal em
virtude das invasões estrangeiras e a subserviência da Dinastia Qing, até 1911 as ferrovias chinesas já tinham cerca de
5006,5 km de extensão. Muito pouco para as ambições chinesas e para um país com dimensões tão grandes.
Locomotiva usada na ferrovia
Tangshan-Xugezhuang, em 1881.
Velocidade: 32km por hora.
Modelo em miniatura de uma locomotiva a vapor.
Zhan Tianyou.
Engenheiro pioneiro na construção das
ferrovias chinesas.
A Revolução de 1911 pôs fim ao período imperial derrubando a Dinastia Qing, mas a evolução da indústria ferroviária chinesa continuava aquém do esperado. A malha ferroviária se concentrava principalmente no nordeste e na área costeira do país, chegando a mais de 20.000 km em 1949. Mas comparando com outros países, ainda era ultrapassada e ineficiente.
A evolução do sistema ferroviário em fotos.
Um dos salões do Museu.
Mas aí veio 1949, veio Mao Tse-tung, nasceu o Socialismo-chinês com a formação do Partido Comunista da China, e o país começou a viver transformações, com a indústria ferroviária ganhando novo impulso, saindo de um período de dificuldades para um período de glórias. Era a China provando do progresso, estabelecendo um enorme desenvolvimento industrial e econômico.
Pelo que sei da história da China, a época pós-1949 foi um período de grandes transformações no país, que viveu momentos difíceis com a Revolução Cultural de Mao, mas os chineses preferem lembrar apenas dos grandes feitos. É notório que o país mudou, mas à custa de um grande sacrifício.
Brasão da locomotiva
batizada com o nome de Mao Tse-tung,
em 1977.
Parte de um antigo relógio usado numa
estação ferroviária.
Equipamentos antigos de sinalização e segurança.
Em 1978, a malha das ferrovias chinesas já alcançava 51.707 km, possuía equipamentos mais modernos e movimentava cerca de 810 milhões de pessoas por ano.
De lá pra cá esses números não pararam de crescer e o país não parou de se modernizar. Essa é uma verdade que está escancarada pra qualquer um: a China pós-Império deu um salto de qualidade e os governos que se seguiram sempre se preocuparam e se preocupam em modernizar o país.
Tesoura usada pelo ex-presidente Hu Jintao na
inauguração da ferrovia Qinghai-Tibet.
Até 2010 as ferrovias chinesas ocupavam o posto de número dois do mundo, no que diz respeito a malha operacional, que era de 91.000km. A capacidade anual de passageiros atingia 1.676 bilhões de pessoas. Quatro anos depois a China ainda continua em segundo lugar, atrás dos Estados Unidos, mas a malha chinesa já tem mais de 103.000km.
A China possui atualmente tudo de mais moderno no setor: das estações aos trens - trens comuns, trens de alta velocidade - equipamentos cada vez mais seguros, menos poluentes, mais econômicos e com uma qualidade de serviço excelente.
O museu tem um andar dedicado aos "novos tempos".
Gigi e o trem de alta velocidade.
Miniatura do trem de alta velocidade.
O Modelo CRH3 chega a atingir
a velocidade de 350 km por hora.
CRH é a abreviatura para
China Railwal High Speed.
Já existe o modelo CRH5.
A maior linha do mundo do trem de alta velocidade está na China: é a Beijing-Guangzhou, com 2.298 km de extensão. Até 2013, o trem de alta velocidade chinês tinha uma malha de 11.028 km: a maior do mundo para esse tipo de transporte.
O trem de alta velocidade chinês foi o primeiro a utilizar o sistema de levitação magnética, o maglev.
O trem bala e o trem mais comum.
Maquete da ponte de Nanjing
que fica sobre o Rio Yangtze.
Essas pontes ferroviárias estão por todo o país.
Maquete da estação de Chongqing.
No Museu tive a oportunidade de ver alguns vídeos sobre as ferrovias chinesas e me deu vontade de chorar. Por quê? Porque me vi mais uma vez lembrando que o Brasil está atrasado no tempo. Se contarmos de 1949 pra cá, a China fez em 65 anos o quê o Brasil não consegue nem colocar no papel. Triste realidade: o lema de nossa bandeira “Ordem e Progresso” está cada vez mais defasado.
Videos e animações mostram as
ferrovias chinesas, mapas, estações...
... Show de tecnologia.
Fachada lateral do Museu.
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