quarta-feira, 11 de setembro de 2013

4° Festival BRAPEQ de Cinema Brasileiro e Mês do Brasil na China

Como falei no e-mail anterior, este ano o Festival de Cinema Brasileiro do BrapeqBrasileiros na China - foi antecipado para o mês de setembro, para fazer parte do Mês do Brasil na China.



O 4° BRAPEQ Brazil Film exibe dramas familiares, alguns documentários e a história do Brasil contada através de uma animação que viaja do passado ao futuro.

“Gonzaga, de Pai para Filho” abriu o Festival na Broadway Cinematheque Moma, aqui em Beijing. O filme conta a história do conturbado relacionamento do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, com seu filho, o também músico Gonzaguinha.

"Moma", o mesmo local das exibições do ano passado.



Antes da exibição do filme, o diretor Breno Silveira, um sujeito de fala simples e bem simpático, fez uma pequena apresentação do trabalho dele e contou que o longa surgiu da escuta de fitas k7 gravadas em conversas realizadas entre pai e filho – como aparece na história.

Breno Silveira na abertura do Festival.

A escolha dos atores foi um dos grandes trabalhos do diretor. Ele disse que para chegar ao ator principal foi até o interior de Pernambuco e colocou um anúncio num jornal local, pedindo que quem fosse parecido com Luiz Gonzaga se apresentasse para uma seleção. Foram mais de cinco mil inscritos! Aos poucos Breno foi reduzindo a lista, até chegar a 10 pessoas. Detalhe: nenhum deles era ator. O escolhido para representar o Rei do Baião no início de carreira, foi Nivaldo Expedito, mais conhecido como "Chambinho do Acordeon". O rapaz é realmente muito parecido com Luiz Gonzaga, quando jovem. E, sinceramente, nem parecia um ator de “primeira viagem”.

"Chambinho do Acordeon" fez o papel de Luiz Gonzaga
 em início de carreira.

 
A foto da esquerda é do verdadeiro "Rei do Baião" e a da direita, do ator do filme.
Bem parecidos.


Adélio Lima interpretou Luiz Gonzada mais velho.
Esse eu não achei tão parecido.

  
Júlio Andrade, que faz o papel de Gonzaguinha, é um ator que já atuou em diversos filmes do cinema nacional e já fez vários papéis na televisão. A semelhança dele com Gonzaguinha também é incrível.

Júlio Andrade, o Gonzaguinha no filme.


No elenco também estão atrizes famosas como Zezé Mota e Silvia Buarque.

O filme mostra algumas imagens originais de Gonzaga pai e Gonzaga filho e nos leva a recordar sucessos desses dois grandes músicos brasileiros.

Pai e filho viveram suas desavenças, mas no final acabaram unidos e dividiram o palco brindando o povo com seus maiores sucessos. 

Luiz Gonzaga morreu aos 76 anos, em 2 de agosto de 1989, e Gonzaguinha faleceu pouco mais de um ano e meio depois, em 29 de abril de 1991, ao 45 anos, num acidente de automóvel.

Pra curtir um pouco de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha,
clique no video acima.
A música é "A Vida do Viajante".


Gonzaguinha canta "O que é, o que é?"

  
O diretor Breno Silveira tem em seu currículo a direção do sucesso “Dois Filhos de Francisco”, que conta a trajetória da dupla sertaneja, Zezé di Camargo e Luciano. 

Outro filme do Festival que assisti foi “Rio 2096: Uma História de Amor e Fúria”. No longa de animação, personagens inspirados em lendas indígenas contam episódios marcantes de quatro períodos da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o Regime Militar e o futuro, em 2096, que mostra um Rio de Janeiro repleto de arranha-céus futuristas, onde a água potável é um produto raro e caríssimo. A história é contada do ponto de vista daqueles que combatem o poder.



Interessante é que numa fala no ano de 2096, o herói diz que um copo de água está custando “500 yuan”. Yuan é a moeda da China. Será no futuro a moeda mundial? Ficção ou realidade?

Os anos vão se passando e o herói imortal vai encarnando em diversos personagens – um índio Tupinambá, um negro que luta contra a escravidão, um estudante que enfrenta a ditadura e um guerrilheiro que luta contra o monopólio da água - sempre lutando pela liberdade de seu povo, não importa em que época esteja. Ao longo dos 600 anos de história no filme, ele sempre encontra a amada Janaína, com quem vive suas aventuras.

Com roteiro e direção de Luiz Bolognesi, o filme tem no elenco de dublagem Selton Melo, Camila Pitanga e Rodrigo Santoro.

Gostei de uma frase do personagem dublado por Selton Melo: "Viver sem conhecer o passado é como andar no escuro".

Trailer oficial do filme.


Antes do filme “Rio 2096...” foi exibido o curta de animação “A Galinha que Burlou o Sistema”, do diretor Quico Meirelles, filho de Fernando Meirelles, diretor de “Cidade de Deus”. É a história de uma galinha que tem uma visão e toma consciência do destino que a espera. Ela então se revolta e tenta mobilizar as “companheiras” para mudar seu fim.

O Festival conta ainda com outros filmes que, infelizmente, não assisti:

“Meu Pé de Laranja Lima”, filme baseado no livro homônimo de José Mauro de Vasconcelos. Quem viu disse que chorou “horrores”.

“Girimunho”, parte documentário, parte ficção, que mostra a vida em um vilarejo no Brasil, resgatando mitos e crendices do interior.

“Elena”, documentário sobre a vida de Elena, aspirante a atriz de cinema em Nova York, que acaba se suicidando. Quem conta a história é a irmã mais nova da protagonista, Petra, que dirige e também assina o roteiro, ao lado de Carolina Zizkind. Um filme que disseram ser “muito forte”.

“Domésticas” também é mais um documentário. O diretor entregou câmeras a seis adolescentes que gravaram o cotidiano das famílias brasileiras, mostrando o dia a dia das empregadas domésticas no local de trabalho.

Sucessos de Festivais anteriores também marcam presença, como “Reflexões de um Liquidificador” e Mãe e Filha” da edição de 2011, e ”A Hora e a Vez de Augusto Matraga” e O Palhaço” do ano passado.

A animação “Rio 2096: Uma História de Amor e Fúria” foi o filme escolhido como o vencedor do 4° BRAPEQ Brazil Film Festival. Um dos jurados justificou seu voto a favor do filme, elogiando o enredo que, segundo ele, proporcionou aos chineses conhecer um pouco sobre a história do Brasil, uma história de lutas, na opinião dele, muito parecida com a história de luta dos chineses.

Ao centro a curadora do Festival, Anamaria Boschi, e os
jurados, membros da indústria cinematográfica da China.
(foto do BRAPEQ)


Olha eu marcando presença, lá no fundo.
(foto BRAPEQ)


Prêmio entregue ao filme vencedor. 
(foto BRAPEQ)

  
Em Junho, “Rio 2096: Uma História de Amor e Fúria” já havia sido escolhido como melhor filme do Annecy International Animated Film Festival, na França. 

Agora, de 13 a 15 de setembro o Festival prossegue em Shanghai.

Algumas sessões especiais serão realizadas de 23 a 25 deste mês aqui em Beijing, na Academia de Cinema de Pequim, por conta do Mês do Brasil na China.

De acordo com palavras do Embaixador do Brasil na China, Valdemar Carneiro Leão, “O Mês do Brasil na China” é uma iniciativa fruto de um acordo entre os Governos brasileiro e chinês, e será seguido pelo "Mês da China no Brasil”, em outubro. Ainda segundo o embaixador, “Às vésperas das comemorações do 40° aniversário de nossas relações diplomáticas, trata-se de uma ocasião especial para aprofundar os laços já existentes entre as duas nações”.

Embaixador Valdemar Carneiro de Leão no dia
de abertura do Festival.
(Foto BRAPEQ)

Entre as atrações do Mês do Brasil na China, além das mais recentes produções cinematográficas do país, o público terá a oportunidade de assistir alguns dos novos talentos da música brasileira, os escritores que têm se destacado, o trabalho de artistas plásticos e de fotógrafos nacionais, bem como uma das melhores companhias de dança contemporânea.

Nas palavras do embaixador:

“Trazemos à China uma amostra cultural de um país dinâmico e variado... um convite à descoberta do que temos além do futebol e do Carnaval, já mundialmente conhecidos”.


Pra nós é uma ótima oportunidade para matar um pouquinho da saudade de nosso querido Brasil.

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