domingo, 10 de março de 2013

Viajando de trem bala e conhecendo Tianjin


Tô um pouco atrasada com as notícias aqui de Beijing. Vamos lá.
Na sexta-feira, dia primeiro de março, fomos até Tianjin (天津 Tiānjīn), cidade chinesa localizada no nordeste do país e que fica a cerca de 115 km da capital. Fomos conhecer um Quartel do Exército de Libertação Popular da China a convite do governo chinês.

Beijing-Tianjin.

Tianjin foi um importante porto imperial. Está localizada no Mar de Bohai, também conhecido como Golfo de Bohai e que fica na parte mais interior do Mar Amarelo, localizado no Oceano Pacífico.

Tianjin é um importante porto de entrada e saída de
produtos para a capital Beijing.


Saímos de Beijing para Tianjin de trem bala, o que já valeu o passeio. Mais uma vez fiquei boquiaberta com a estrutura da Estação Ferroviária Sul de Beijing, (北京南站 Běijīngnán Zhàn).


Foto da Estação Ferroviária Sul de Beijing retirada do Wikipedia.


Não é a toa que a estação é uma atração à parte. São dezenas de plataformas com capacidade para receber 30 mil passageiros por hora! A estação é o terminal de duas linhas do CRH – o trem bala chinês: Beijing-Tianjin, Beijing-Shanghai.

Na entrada da estação passamos pela tradicional revista no raio-x. É o chinês sempre preocupado com a segurança.

No saguão principal, dezenas de cadeiras para quem está aguardando a hora de embarcar.


O Saguão de entrada. Do lado esquerdo dá pra ver um pouco
das máquinas de raio-x.


Tudo amplo, limpo e moderno.


No saguão principal, pouco antes do embarque.


Amplo espaço com conforto e segurança para os usuários.


Painéis digitais indicam os horários de chegada e partida dos trens, que são pontuais. Restaurantes, redes de fast food, cafeterias, assim como dezenas de lojas dos mais variados produtos são uma grande opção de distração para o passageiro que aguarda o trem, ou mesmo para quem está ali só para conhecer o local.


Catracas eletrônicas e painéis digitais em cada portão de acesso as plataformas.


Alguns minutos antes do horário de saída do trem, funcionárias bem vestidas checam documentos e tickets.

Uma funcionária aguarda o momento de liberar a entrada dos passageiros
para as plataformas.

Descemos para a plataforma e lá estava nosso trem: éramos cerca de 50 pessoas e fomos todos no mesmo vagão, na segunda classe. Existem ainda outras duas classes, a Deluxe e a Primeira. O trem tem até restaurante, mas deixei pra conhecer essa parte numa próxima viagem, mais longa.

Um dos trens parados no terminal. O nosso estava do lado direito

Hora de entrar no trem bala.


Duas mocinhas uniformizadas passaram vendendo alguns lanches, bebidas e miniaturas do trem bala.


Uma das moças que passou vendendo lanches
e lembranças.

A viagem durou exatos 33 minutos, com o trem alcançando uma velocidade máxima de 293 km por hora – ele pode chegar a 350 km por hora. Mas nem se nota.

Um pequeno painel mostra a velocidade real do trem.
Fiquei de olho e ele chegou a 293 km por hora.

O painel também mostra a temperatura externa.


A maior parte do trajeto é feita sob viadutos e zonas de aterro, quase numa linha reta. As curvas são muito suaves, quase imperceptíveis. O trem passa ao longo de uma grande área rural, mas é possível ver as cidades no horizonte.



Aproveitando a viagem.


Uma igreja no meio do nada.


Tianjin, assim como Beijing, tem muitos prédios
residenciais em construção.


Os guindastes estão por toda a parte.
O governo quer trazer a população do campo para os
grandes centros, para gerar um aumento do PIB (Produto Interno Bruto).
A maior parte da população da China ainda vive
nas áreas rurais.


Funcionária da estação de Tianjin.


Plataformas da estação de Tianjin.


Tão bem organizada como a de Beijing.

A estação de Tiajin é quase uma cópia da estação de Beijing, só que numa escala menor. A Gigi chegou até a dizer que parecia que estávamos na mesma estação de antes.

Salão de espera da estação de Tianjin


Lado de fora da estação de Tianjin.


Linhas férreas da estação de Tianjin.

  
Divididos em dois ônibus fomos direto para o almoço, num tradicional restaurante da cidade. Comidinha chinesa é claro. Tinha até pombo. Pelo menos era o que parecia.



Entrada do restaurante de Tianjin.


Os pratos começaram a chegar e a encher a mesa.
Como sempre, muita fartura.


Esse aqui é o pombinho. Pelo menos é o que parecia ser.
Ninguém quis provar.

Depois do almoço fomos andar numa antiga rua de comércio no centro da cidade, a Gu Wen Hua Jie.

Na entrada norte da Gu Wen Hua Jie, rua de comércio
antigo de Tianjin.

A arquitetura local é bem típica.


Como sempre, muitas lanternas vermelhas decorando a rua.


A saída sul da rua.

Do outro lado, em frente a saída sul, 
encontrei esse tanque de guerra.


Perto do tanque uma estátua em homenagem aos soldados chineses.


Uma igreja do outro lado da saída sul 
da Gu Wen Hua Jie.


Essa mulher estava bem na frente do portão sul,
vendendo ovinho de codorna no palito. Isso mesmo!


Como quase toda comidinha de rua, a higiene não era
lá grande coisa.


Depois de pronto ela passou alguns molhos nos ovos.


O detalhe é que ela passava os molhos com pincéis comuns e não
pincéis de cozinha. Era pedir demais, não é mesmo?


A arquitetura de Tianjin é bem interessante. Muitos prédios lembram o ocidente, herança dos tempos em que o governo chinês cedeu parte da  cidade à concessões da Alemanha, Áustria, Bélgica, Grã-Bretanha, França, Itália e União Soviética.  Isso foi antes da fundação da República Popular da China, lá pelos idos de 1860.


Não podia faltar um moderno arranha-céu no centro de Tianjin.




Uma das pontes da cidade ao fundo.


Colunas de pedra com estátuas douradas
margeiam essa avenida.


Ponte pencil. Modernidade sempre presente nas
cidades chinesas.


Durante a rápida passagem pela cidade, vimos, de longe, a roda gigante conhecida como “Olho de Tianjin”. 


A roda gigante de Tianjin.


No final da tarde finalmente fomos levados para o objetivo principal de nossa visita em Tianjin: o quartel do exército chinês, que fica um pouco mais afastado do centro da cidade.

Visitamos o alojamento de alguns oficias e soldados. Estava tudo arrumado de forma impecável.
                                                                                                                   

  O alojamento estava todo arrumadinho
    

 
Detalhe do quepe.

Dali fomos ao ginásio do quartel, onde os Adidos Latinos disputaram uma partida amistosa com os militares chineses. Os chineses, espertos como sempre, não deram moleza e colocaram em quadra um time bem mais jovem. Resultado: 7 a 4 para os "donos da casa".

Os Oficiais latinos usaram um uniforme do Barcelona.
Olha ali o "Messi"!


Enquanto os homens jogavam futebol, mulheres e crianças se divertiam em vários outros pontos do prédio: havia bilhar, pingue-pongue, dardo e badminton.


           
     Amanda e Gigi se divertiram no pingue-pongue.


Amante de esportes, eu não pude deixar de jogar badminton pela primeira vez. Juntamente com o pingue-pongue, o badminton – chamado aqui de Yǔ máo qiú 
 羽毛球 - é muito popular aqui na China. Só pra constar, na última Olimpíada, em Londres, os chineses faturaram todas as medalhas de ouro no esporte, tanto no masculino como no feminino.

Joguei com um oficial chinês que não me deu nenhuma colher de chá. Acho que eles não gostam de perder nem em jogo de par ou ímpar. No início foi difícil controlar e achar o tempo certo da “peteca”. Mas aos poucos fui melhorando e apesar de algumas furadas – o chinês também deu várias – me saí bem e não deixei fácil para ele. Não contamos ponto nem nada, mas valeu a brincadeira. No final, o oficial quis tirar uma foto comigo.



Batendo uma "peteca" com o Oficial chinês.



Uma foto para a história! 



                  
Outra diversão das meninas foi usar os tradicionais pincéis chineses para escrever ideogramas.


Na primeira linha está escrito "Amanda".
Na segunda, "Cici" - nome da Gigi em chinês - 
e a palavra "Ba xi" - Brasil - ao lado.



Ainda pudemos ajudar no preparo do Jiaozi , o tradicional pastelzinho, ou ravióli chinês. A massa é feita com água e farinha e, depois de pronto, ele é cozinho no vapor.  O Jiaozi é normalmente recheado com carnes ou legumes. É bem gostosinho. Só que os chineses não costumam colocar sal na massa. Ele vem à mesa puro, e aí sim os chineses o passam em algum tipo de molho.



Abrindo a massa do Jiaozi.


O cozinheiro chinês ensina a Gigi a fechar o pastelzinho
após colocar o recheio.


Detalhe da Gigi tentando fechar o pastelzinho dela.


Gigi e o simpático cozinheiro.


A Amanda também "colocou a mão na massa".


Detalhe da cestinha de palha usada para preparar o Jiaozi.
Coloca-se a cestinha numa panela em banho-Maria e o Jiaozi é cozido no vapor.
Temos uma igual e já fizemos aqui em casa, só que com o Jiaozi
comprado no mercado. Ficou bom e gostoso.


Pra fechar a visita foi nos oferecido um grande banquete, com uma variedade enorme de comidas, frutas e bebidas. Após os discursos de praxe, os militares chineses prepararam algumas atrações musicais, danças, número de mágica e sorteio de presentes.

Militares chineses fizeram algumas apresentações.


Teve até show com os tradicionais dragões chineses.


Essa moça ficou fazendo recortes em papel, 
outra tradição aqui na China.
É incrível como ela vai recortando o papel, 
sem molde algum.


Olha o que ela fez!



Gigi sorteando o brinde dela.
Quase todos ganharam uma bonequinha chinesa.


Nós ganhamos quatro: uma pra cada um.
Essa aí é a Mulan.


No final, latinos e chineses dançaram juntos, num momento de confraternização.

Enquanto aguardávamos nosso trem bala na estação ferroviária tivemos um momento bem divertido. Vimos as luzes de um trem se aproximando e imaginamos que era o nosso. Para surpresa geral, o trem passou direto, numa velocidade “assustadora”. Apenas o tempo de fazer um movimento super-rápido com a cabeça, da esquerda para a direita, e ele já tinha passado. Um “zuuuuuuummmmmm” e pronto! Um outro trem também passou direto pela estação e alguns tentaram aprontar seus celulares para registrar a passagem dele. Mas quem disse que deu tempo? Ficamos todos rindo! Dentro do trem não temos a noção da velocidade em que viajamos.

Um minuto antes do horário marcado para a nossa saída nosso trem chegou. Entramos rapidamente, nos acomodamos nas confortáveis poltronas e começamos o retorno para Beijing.

Foi um dia interessante e diferente e que nos deixou uma certeza: precisamos voltar a Tianjin para conhecer melhor a cidade. As atrações são muitas: um passo da muralha, uma mesquita, um forte, uma catedral, a roda gigante, uma torre de tv... Realmente bastante coisa.

5 comentários:

  1. Nota 10 pelo seu blog.
    Gostaria de saber se e possível o bate volta de Beijing a tianjin no mesmo dia sendo que meu interesse seria apenas na area central mesmo.

    Obrigado

    Marcos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Marcos. Obrigada pelo elogio. Tianjin fica perto de Beijing e de trem bala é muito fácil chegar e rápido: a viagem, como escrevi no post, dura pouco mais de 30 minutos. Não há muita coisa para conhecer em Tianjin, a não ser que você tenha em mente algo específico. Como não rodei muito por lá, não posso ajudar muito. Mas dá uma pesquisada na internet que você consegue boas dicas. Boa sorte. Um abraço, Andréa.

      Excluir
    2. Muito obrigado Andréa.

      Nós leitores somos gratos pelo rico conhecimento de seu blog, parabéns novamente!

      Um grande abraço a você e sua família.

      Marcos.

      Excluir
  2. Quanto tempo dura viagem trem.bala d tianjin até Pequim ?

    ResponderExcluir
  3. Quanto tempo dura viagem trem.bala d tianjin até Pequim ?

    ResponderExcluir