quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Supermercado em Beijing

No post anterior prometi contar como foi a primeira experiência num supermercado chinês. Na verdade foi no Carrefour. A aventura começou para chegar lá. No dia anterior, por volta de 4 da tarde, eu e meu marido fomos tentar pegar um táxi para ir ao Wallmart. Ficamos cerca de uma hora num frio danado, e nada de táxi vazio. Ou então, quando fazíamos sinal eles acenavam, como quem dá tchauzinho – a maneira deles dizerem que “não”, e nos ignoravam, pegando o chinês que estava logo à frente. O que eles têm contra estrangeiro? Como o frio aumentava, resolvemos desistir e voltar pra casa.

No dia seguinte acordamos cedo e fomos tentar mais uma vez pegar o maldito táxi. Desta vez decidimos mudar o destino. Escolhemos o Carrefour, que fica mais perto de casa. Para nossa surpresa um carro parou logo de cara. No meu modesto chinês mandei um “Women xiangyao qu Calefur” (Nós queremos ir ao Carrefour). Devo ter falado com sotaque russo ou alemão, porque o chinês não entendeu bulhufas. Insisti “Calefur” e nada. Ele fez sinal para que ligássemos para alguém. A solução foi telefonar para a intérprete da adidância. Logo ela estava ao telefone explicando pra ele aonde queríamos ir. Ele nos passou o telefone e disse “tchalefur”. Grande diferença, não é mesmo? Mas o que importa é que chegamos lá. E o táxi foi baratinho, cerca de 4 reais numa corrida que no Brasil daria uns 20.

Quando cheguei ao Carrefour tive vontade de sair correndo. O que era aquilo? Tinha gente pelo ladrão. Uma coisa de louco. Mas é preciso levar em conta que estávamos às vésperas do Ano Novo Chinês, os mercados fecham e as pessoas aqui viajam para o interior, para visitarem os parentes, depois de mais um ano de muito trabalho, querem levar comida, presentes, enfeites para casa. Muito parecido com nosso Natal. Vermelho e dourado são as cores predominantes.

A situação ficou pior ainda quando olhei para os lados e vi tudo em chinês, em ideogramas. Nadinha em inglês, como acontece em alguns lugares por aqui. O jeito era ter paciência. Nosso apartamento é mobiliado, mas é preciso comprar louça, talheres, copos, roupa de cama, mesa e banho, panelas e todos os utensílios de cozinha. Uma infinidade de coisas. Fomos pegando uma coisa aqui e ali, olhando os preços – sempre tudo muito em conta – mas preocupados em como voltaríamos para casa com tanta coisa, e pior, de táxi.

Quase morri de susto na parte de carnes do mercado. Tinha uma ave depenada, toda preta, bem ao lado dos frangos. Imaginei logo que fosse urubu, já que esses chineses comem tantas coisas estranhas. Tive vontade de tirar uma foto, mas fiquei com vergonha – mas da próxima vez vou fotografar na maior cara de pau – pra mostrar o quê era aquilo. Parece que é um frango que quando depenado mostra a pele preta. Horrível!

Tentando não olhar para aquela coisa, escolhi o que queria levar – um pouco de peito de frango, coxinhas, coxas e fui para outra seção do mercado: a peixaria. Meu marido ficou louco, no bom sentido, com os camarões. Enormes e, mais uma vez, muito barato. Cerca de 10 reais o quilo. Ele foi lá e comprou, é claro. Depois ficamos olhando os peixes frescos. Gente, peixe fresco aqui significa peixe vivo! Você vai num aquário, escolhe o bichinho, “pesca” com um puçá e coloca pra pesar. O pobre fica se debatendo todo e acaba morrendo, é claro. Imagina se pra comprar galinha fosse assim também, tem que caçar a bichinha no galinheiro?

Após umas 4 horas de olha aqui e ali e com dois carrinhos atopetados de compras fomos para a fila. Não tinha fila pequena, só fila enorme! Parecíamos de outro mundo, porque os chineses olhavam para nossos carrinhos com eletrodomésticos, tábua de passar, secador de roupa, comidas e ficavam falando entre si, obviamente, da gente. Tudo bem: eu e meu marido demos o troco falando deles. Vingança!!!!!

O chinês não é de pedir licença pra nada. Vai te empurrando, cortando sua frente. Levei alguns encontrões e fui aprendendo a desviar, o que não é muito fácil, vocês podem imaginar. Já me disseram pra fazer como eles, sair empurrando, mas pretendo continuar com minha educação ocidental. Será que agüento nesses dois anos e 8 meses por aqui? Acho que não. Meu marido quis dar uma de bem educado, foi fazer sinal pra uma moça passar a nossa frente para entrar na esteira rolante e eu reclamei. Por quê? A chinesada toda foi passando e a gente ficando pra trás. Daquele jeito, não sairíamos nunca do mercado. Empurramos o carrinho e conseguimos uma vaguinha na esteira. Querer ser “gentleman” depois de 4 horas de compras, no meio de uma multidão de olhinhos puxados? Fala sério!!!

Preocupados que não fôssemos conseguir um táxi ou dois para voltarmos pra casa, recorremos ao nosso salvador aqui em Beijing: o Pixinine. Já me perguntaram quem são o Pixinine e a Ingrid. Ele é o atual adido naval e ela a esposa. Digamos que são nossos anjos da guarda por aqui, nos dando todo o apoio necessário pra esse início de vida em território chinês.

Sãos e salvos fizemos nossas primeiras “comprinhas” em Beijing. Mas ainda falta muita coisa.

Próximo post: o Ano Novo Chinês.

2 comentários:

  1. Amiga querida, parabéns pelo blog. Sensacional. Li o post do supermercado e adorei!Beijo grande pra turma e continua escrevendo pq eu vou acompanhar!

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  2. COMENTÁRIOS RETIRADOS DO ANTIGO BLOG

    ola dedea: muito bom seu blog! fique certa que serei seu leitor assiduo. beijocas, luiz eduardo. ah, postar fotos no blog,ok?
    luiz eduardo | duca-rio@hotmail.com | 23/01/2012 04:27


    Muito bom!!! E linda a visão da Amandinha sobre as diferenças culturais!! Escreva sempre pra matarmos as saudades! Aguardo o supermercado: um dos meus programas obrigatórios em qualquer lugar que visito! Feliz Ano do Dragão!!!
    Silvia | Ssrossetto@yahoo.com.br | 23/01/2012 04:13

    Uma experiência única. Aguardo a ida ao supermercado. Bjs.
    Lilia | gloriatavares@globo.com | 22/01/2012 23:12

    Ah, muito bom ouvir notícias de vocês! Aguardamos mais posts! bjs e boa sorte!!!
    Patrícia Bocaiuva | pbocaiuva@hotmail.com | 22/01/2012 22:57

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