segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O poder da barganha

Antes de vir morar em Beijing, li e ouvi falar muito sobre a arte de barganhar por aqui. É impossível ir a um mercado e não sair pechinchando uma redução de preço. E quando falo em preço mais baixo, falo numa redução absurda! Quer um exemplo? Meu marido entrou numa loja de camisas sociais masculinas – Armani, Polo, Dior, etc – no Silk Market, o Mercado da Seda, que vende de tudo, roupas, sapatos, brinquedos, artigos de decoração, relógios, eletrônicos, bolsas...e a vendedora disse que qualquer marca custava 230 Renminbi. Ele foi logo dizendo “tai gui la”, que significa “muito caro”. Falar em chinês faz com que eles não aumentem tanto o preço. Se você chegar falando em inglês, o preço oferecido é ainda maior. Você pode até, depois do início da negociação, falar em inglês, mas a dica é chegar falando na língua deles e sempre com um sorriso no rosto. Mas, continuando: como ele não aceitou o valor, a jovem chinesinha pediu que ele fizesse o preço. Ele disse “30” e ela baixou para 150. Veja como o preço cai vertiginosamente. Chega a ser ridículo. O Tuninho insistiu nos 30, até que ela disse que o menor preço que podia fazer era 60. Incrível, não? Eu entrei na negociação e ainda pedi pra ela fazer duas por 100, no que ela aceitou numa boa. Escolhemos as camisas, pegamos o cartão da loja e garantimos pra ela que vamos ficar fregueses e que voltaremos para comprar mais. Ela, toda risonha, agradeceu.

Mas nem sempre os chineses são tão simpáticos e fáceis nas negociações. A Amanda está querendo uma blusa de cashmere da Abercrombie, bem bonitinha. Entramos em várias lojas e pechinchamos os preços que variavam de 180 a 250. Sempre insistimos em “30”, um valor que se aproxima muito daquele que eles costumam vender - a dica é dividir o preço dado por 10. Mas na esperança de conseguirem bem mais, jeles ogam os preços lá pra cima – ainda mais que estamos em pleno Ano Novo Chinês, com a cidade cheia de turistas. Estávamos dispostos a pagar até 40 renminbi pela blusa e conseguimos chegar aos 50. Só que tem vendedor que faz cara feia, nos expulsa da loja, começa a dizer um monte de coisa e não aceita baixar muito o preço. Tem um chinês que já não quer ver nem a cara da Amanda, que já passou na loja dele umas três vezes com as amigas. Ele é duro na queda e chegou a dizer pra gente não aparecer mais por ali. Tá se achando o dono do Silk Market? Mas é assim mesmo. Se não barganhar vai pagar muito mais. Você pode até estar pensando: poxa, vocês oferecem 30, eles chegam a 50 e vocês não compram? Sei que a diferença disso, em real, é de aproximadamente 5 reais, mas se aceitarmos pagar caro, a vantagem de comprar nesses mercados não vai existir mais. E, não se esqueça: o produto é fake e baratinho, mesmo.

Não compramos dessa vez? Tudo bem, é uma boa desculpa para voltar outro dia e se divertir barganhando com os chineses. Afinal, temos ainda muito tempo pela frente, e o Silk Market está a uns 500 metros aqui de casa!
Silk Market, o Mercado da Seda. Cerca de 1500 lojas dos mais variados produtos.
Dentro do Silk Market. Divida por 10 o preço dado pelo vendedor e dê início a barganha.


2 comentários:

  1. Muito legal. No Brsail eu adoro pechinchar. Preciso ir pra China e melhorar a prãtica - kkk. Um bj grande e boas compras... Rosalis (luxo da lix)

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  2. Gostei dessa parte. Só não sei se conseguiria fazer assim de imediato. Precisaria praticar muito. Mas já estou fazendo a cabeça do meu marido para ir treinando. beijinhos

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