segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sorte do Dragão

Nossa vida na China parece fácil, somente com passeios e festas. Mas não é bem assim. Durante a semana a vida segue normal, com muito trabalho em casa. Como não temos empregada, as tarefas são divididas e as meninas também ajudam. Meu marido ajuda muito, mas já está querendo “férias”. E eu saio de folga quando? Lavo, passo, cozinho, arrumo a casa, cuido das crianças... não tem jeito. Mulher sofre! Até na China.

Mas final de semana é hora de diversão. E isso não tem faltado por aqui. No sábado à tarde fomos ao Solana, um shopping muito bonito aqui de Beijing. Parece com os “malls” americanos. Levamos a Gigi pra patinar no gelo. Era a primeira vez dela e a minha também. Não sei se é tão difícil assim, ou se é porque depois que a gente fica “velha”, fica com medo de levar tombo. Lembro que andava de patins lá pelos meus 15 anos e, apesar de não ser nenhuma fera, dava umas voltinhas mais solta. Aqui foi diferente. Fiquei o tempo toda grudada na parede lateral. Me soltei, de vez em quando, mas logo estava a procura da parede. Nem me arrisquei em ir para o meio da pista. A Gigi também ficou meio receosa. Acho que ela gostou mais de esquiar na neve.
Água da fonte congelada, na entrada do Solana.

 Lu,  Bárbara, Bianca, Amanda, Gigi, Melissa e Fernanda 

Um fato me chamou a atenção na patinação: um senhor caiu de cara no chão, um tombo feio – se é que existe tombo bonito – e chegou a ficar desacordado. Ninguém, mas ninguém se aproximou pra ajudar. É incrível! Existem muitas histórias por aqui de pessoas que foram ajudar outras num acidente e acabaram, no final, sendo processadas pela vítima. Então, por isso, a cultura aqui é não chegar nem perto. No ano passado o vídeo de uma garotinha chinesa atropelada rolou na web. Dois carros passaram por cima da menina, que ficou caída no chão sem receber a ajuda das pessoas. E olha que foram cerca de 15 que passaram por ela. A menina, depois socorrida pela mãe, acabou morrendo.  Sobre o homem que caiu, depois de algum tempo dois rapazes do próprio rinque o ajudaram a se levantar e sair da pista. Nem os professores que davam apoio a algumas crianças se habilitaram a ajudar. Lamentável.
À noite fomos à boate Salsa Caribe, o melhor ponto em Beijing de música latina. Lembra do Léo, da família “Anjos”? Ele é promoter da casa e convidou toda a turma para mais uma despedida. Foi muito bom!
Os chineses me surpreenderam na pista de dança. Eles requebram bem. Alguns parecem “bonecos do posto”, mas pelo menos se arriscam na Salsa. Eu não. A única salsa com a qual tenho intimidade é a que uso no tempero da comida!
Numa certa hora da madrugada o DJ mandou ver na música brasileira. Tocou de tudo: samba, lambada, música baiana, música do “boi” e, é claro, Michel Teló! Só a música dele tocou umas 5 vezes!
O divertido foi dançar com a companhia dos chineses e chinesas. Eles não se acanham de chegar pra tentar imitar nossos passos. Entram na roda numa boa. É a globalização.
Mas um fato marcou pra mim a noite de ontem. Quando chegamos ao local recebemos um ticket com um número que deveríamos guardar porque haveria um sorteio. Mas qual seriam os prêmios? Olhei para o palco montado ao lado do Dj e vi três bichos de pelúcia grandes: um urso, um dragão e um pingüim. Comentei que queria ser sorteada e ganhar o dragão, pra levar pra Gigi.
Por volta de uma da manhã teve a primeira rodada dos sorteios. No terceiro e segundo prêmios passamos direto. Ficamos só na zoação, gritando que era marmelada. Mas aí veio o prêmio principal. “Número 7820”. Era o meu!!!!! Mostrei o papelzinho para o chinês que confirmou que eu era a vencedora. O Léo me levou até a beira do palco e disse que eu poderia escolher entre uma garrafa de champanhe, uma garrafa de vinho, ou um dos três bichos de pelúcia. Alguma dúvida? Não titubeei. Pedi o dragão vermelho! U-hu! Abracei o bichinho, levantei-o pra plateia, enquanto os brazucas faziam a festa. Sei que paguei o maior mico, como dizem os jovens, mas não estava nem aí! Ganhar um dragão chinês no ano do dragão só pode ser sinal de sorte!
Eu e o dragão.
Quando chegamos em casa as meninas ainda estavam acordadas – dessa vez a garotada ficou reunida aqui. A Gigi abriu um sorriso lindo quando eu disse que o dragão era pra ela. Essa felicidade não tem preço, não é mesmo?
Faltava colocar um nome no dragão – sempre colocamos nome nos bichinhos dela. Escolhemos “Muralha”. Agora ela tem o “China”, que é o dragãozinho que demos pra ela no Ano Novo Chinês, e o “Muralha”, o dragão grande. Como ainda temos muito tempo pela frente aqui na China, certamente ela sair daqui com todos os 12 animais do horóscopo chinês!
Gigi entre o Muralha e o China.






Nenhum comentário:

Postar um comentário