quinta-feira, 26 de abril de 2012

Datong

Passamos o último final de semana conhecendo Datong, uma cidade que fica a pouco mais de 260 quilômetros a sudoeste de Beijing, na província de Shanxi. Fomos com o grupo do BRAPEQ – Brasileiros em Pequim. Fundado em 2007, o BRAPEQ promove a integração da comunidade brasileira em Beijing e auxilia os brasileiros que moram na China ou que estão de passagem. O grupo está sempre elaborando passeios, eventos e palestras, divulgando não somente a cultura brasileira, mas procurando, principalmente, mostrar um pouco da cultura chinesa.
Raquel Martins, presidente do BRAPEQ, explicou o porquê da escolha da visita a Datong. É fácil visitar locais mais conhecidos, então o grupo sempre busca opções menos procuradas e nem por isso menos interessantes de serem visitadas. E a escolha foi ótima.

Datong - no detalhe em vermelho.
Saímos na sexta-feira à noite, quando a chuva resolveu cair forte em Beijing. Esperamos cerca de quatro horas no aeroporto de Nanyuan porque os voos estavam todos atrasados. O aeroporto, que é também uma base militar, foi construído em 1910 e é bem pequeno. A viagem, pela CUA – China United Airlines – levou cerca de 45 minutos. Em Datong o tempo estava bom. Como só chegamos ao hotel por volta de 2:30 da manhã, foi preciso fazer uma pequena alteração no roteiro do passeio.
Ficamos hospedados no Datong Hotel. Construído em 1972 e reformado em 2000, o hotel recebeu em 1973 a visita do então presidente da França, George Pompidou. Apesar de ser considerado um 4 estrelas, ele tem um cheirinho de velho. Gostei mais do hotel de Shanghai, bem mais moderno, inclusive, com um café da manhã melhor.
Na frente do Datong Hotel

Hall de entrada do hotel.

Éramos um grupo de 40 pessoas. Todos muito animados.

Datong já foi uma das capitais da China. A cidade é um grande sítio arqueológico, com milhares de imagens de Budas espalhadas por templos ou esculpidas em grutas, paredes e cavernas. Conhecida como a "Cidade do Carvão", Datong se tornou a segunda maior cidade industrial de Shanxi, e uma grande reserva de carvão, que é a base da energia utilizada na China.
Visitamos quatro lugares:
1ª parada: As Grutas de Yungang
No sábado pela manhã fomos conhecer as Grutas de Yungang. Localizadas em rochedos de arenito ao pé do monte Wuzou, a 16 quilômetros a oeste de Datong, elas fazem parte das mais famosas obras de artes budistas da China. É o complexo de Budas mais antigo de todo o país. Em 2001 as Grutas de Yungang foram declaradas Patrimônio Mundial da Unesco. O site da Unesco afirma que são 51 mil estátuas de Budas de todos os tamanhos, espalhados por 252 cavernas. O maior deles possui 17 metros de altura.
Estátuas no hall de entrada do complexo das Grutas de Yungang.

Estátua de Tan Yao, monge budista idealizador das primeiras cinco cavernas. Depois, outros monges continuaram a escavar novas grutas com novas esculturas.


Fo Guang Da Dao.
Caminho para se chegar às grutas. Dezenas de pilares com figuras de Buda.

Figuras esculpidas na parede, no ponto chamado de Audiência com Buda.

Tuninho segurando a bandeirinha da agência de turismo, ao lado do nosso guia, Star.

O Templo Lingyan lá ao fundo.
Imagem de uma Avalokitesvara, ser iluminado - Bodhisattva - que encarna a compaixão de todos os Budas.

Templo Lingyan.

O outro lado do templo.




 Acendendo incensos em frente ao templo.

Algumas das imagens do templo.

Ao fundo um pagode de mármore.

Portal na subida para as grutas.

Pagode retangular encontrado nas cavernas 1 e 2.

A figura de um Buda ao fundo.

No alto de uma das grutas.

Budas e mais Budas.

Alguns Budas são enormes.

Alguns foram danificados pelo tempo e por guerras.


Um "festival" de grutas.

Buda com detalhes pintados.


Alguns dos 51 mil Budas de Yungang.


Antigamente havia uma estrutura toda em madeira, na frente de cada gruta. Só restou essa.

A maior gruta do local. Possui um Buda ladeado por dois Bodhisattvas.

Um dos Bodhisattvas.

Gigi dentro da gruta.

Shakyamuni. A figura do Buda Gigante sentado tem 13.7 metros de altura e é um dos ícones de Yungang.


Detalhe dos olhos.

2ª parada: O Templo Suspenso
O Templo SuspensoXuan Kong Si – está localizado em uma das cinco montanhas taoístas sagradas da China, o monte Heng. Fica a 65 km a nordeste de Datong. Construído no penhasco da garganta do dragão dourado, o templo parece estar pendurado na encosta, apoiado em finos pilares, a 75 metros de altura. A princípio é difícil acreditar que seja um local seguro. Mas como duvidar se já está ali a mais de 1500 anos?
O interior do templo é formado por cavernas naturais encravadas na rocha. Os halls são interligados por passarelas e pontes e contêm estátuas de deuses confucionistas, budistas e taoístas. Andar pelas suas estreitas passarelas dá um pouco de medo, por causa do piso de pedra e madeira. É preciso se segurar bem. Chegar na beirada é um desafio que dá um friozinho na barriga. Fui até o último andar possível e desci me segurando nas escadas bem íngremes e estreitas.
O templo encravado na montanha.

Um show de engenharia.

Coisa de chinês.

Olha a gente lá em cima!

U-huuuu!!

É bonito, mas também perigoso. Me agarrei na coluna.

Eu e Gigi lá no alto!

Os caminhos são estreitos.

Hora de descer.

Fui me segurando e descendo bem devagar, com cuidado.
3ª parada: Pagode de Madeira
A terceira parada era pra ser a primeira, mas como chegamos tarde na noite anterior, foi preciso mudar o roteiro e optar por conhecer, somente por fora, o Pagode de Madeira, no Templo de Fogong. Foi uma parada só para fotos.
O pagode, localizado no condado de Ying Xian, 75 quilômetros ao sul de Datong, foi construído em 1056. Ele é o maior e mais antigo pagode budista de madeira existente no mundo. Ele é admirado como um dos três mais famosos pagodes/torres do mundo, juntamente com a Torre Eiffel, na França e a Torre de Pisa, na Itália.

Pagode de Madeira.

Em alguns pontos não foram usados pregos, apenas encaixes na madeira.

4ª parada: Monastério de Huayan
No domingo, apenas uma visita. O Monastério de Huayan. Ele possui o maior salão de todos os salões budistas na China, com uma área de 1559 metros quadrados. O problema aqui é que em todos os lugares que visitamos tem sempre alguma coisa que é a maior da China ou do mundo. Os chineses não querem ficar para trás em nada.

O maior de todos os salões budistas.
Um dos Budas de dentro do salão.

Figuras inclinadas como se estivessem reverenciando Buda.
O Monastério é o maior e mais bem conservado monastério da dinastia Liao existente na China. Ele é o único em que a face é voltada para o leste, ao invés do sul, como acontece com os demais monastérios chineses. 

Praça em frente a entrada do Monastério.


Lado esquerdo da praça.
Um dos templos do Monastério. 

É sempre a mesma coisa: templos com imagens de Budas.

O colorido desse é bem bonito.

 Em frente a um dos templos.

Essa estátua é toda em madeira. Exala um cheiro gostoso. Seria sândalo?

Buda sobre um elefante sentado.

Detalhe do teto.

Figura diferente, com barba.

A parte alta do Monastério.


Guardiões de Buda. 

São figuras exóticas. Dizem que se não temos pensamentos ruins, não devemos temê-los.


Pintura na parede de um dos templos.

 Não sei que figura é essa. Só conheço a da direita!!

 Imagem com várias cabeças e braços.

Buda de madeira sobre uma flor de lótus.


 No subsolo de um dos templos. Várias imagens de Buda.

Um dos 4 grandes Budas que estavam no salão do subsolo.


No alto de um dos templos.

A parte dos fundos do Monastério.


 Na rua do templo há um grande comércio. Essa "banda" formada apenas por mulheres estava tocando em frente a uma das lojas. Um chamariz para atrair os clientes.


Me aproximei e pedi pra tocar o bumbo.
Logo elas me "arrumaram" toda.
O negócio é entrar no clima!

O retorno para Beijing foi de trem: cerca de 6 horas e meia de viagem. Saímos logo após o almoço, por volta de 12:10. Ficamos acomodados nos vagões 12 e 13. As cabines eram abertas, com seis camas cada uma: três de cada lado. Os lençóis e os travesseiros deixavam a desejar: não eram nada muito limpos. Para fazer o tempo passar, alguns dormiram, outros ficaram batendo papo e também jogando cartas – como eu, Cris, Márcia e Ana Flor. Perdi feio!

 
Estação ferroviária de Datong.

Nosso vagão, o de número 12.

                                                                                                                                                                                

Nos triliches do trem.

Banheiro, aqui na China, em lugares públicos, é quase sempre um buraco no chão. Imagine no trem? Fazer “xixi”, tendo que se equilibrar e mirar no buraco no chão, com o balanço do trem? Só com muita necessidade. Só que em mais de 6 horas de viagem é difícil segurar as pontas. Fui e tive que me virar. Mas acertei bem o alvo!!!
Usar esse "buraco" com o trem em movimento é um desafio.

Já esse menininho que vi da janela do ônibus não se aperta. Faz xixi onde tem vontade. Não muito diferente do Brasil e de muitos outros países.
O trem parou em várias estações e passou por cerca de 60 túneis. Ao longo do caminho é possível admirar os chineses em suas plantações – parece que de batata e milho. Eles ainda aram o solo com o auxílio de animais e plantam manualmente. Se vi uns três tratores foi muito. Tudo ainda bem artesanal. Mas muito organizado.
Grandes áreas sendo plantadas.

Os camponeses que morrem têm suas cinzas enterradas ali na própria plantação. A tradição chinesa diz que o espírito deles ajuda a proteger a terra e traz sorte. Vi vários túmulos.


Datong é uma cidade que está passando por uma grande reforma. Hu Jintao, presidente da China, esteve na cidade em 2008 e não gostou do que viu. Resultado: mandou destituir o então prefeito e deu ordens ao novo que reformasse a cidade. O governo chinês ajudou com 1 bilhão de Yuans! Vi quarteirões inteiros sendo colocados abaixo. As casas e prédios velhos estão dando lugar às novas construções, como os condomínios modernos. É a China em sua busca frenética pelo desenvolvimento. Mas eles têm a preocupação de preservar os pontos históricos.
Os antigos "hutongs" estão sendo colocados abaixo.
Edifícios enormes estão sendo construídos por toda a cidade.
Mas a história é preservada. Como este pedaço da Muralha que cruza a cidade. Tudo em volta está indo abaixo, mas o muro deve continuar ali.
No caminho de volta, de trem, passamos também por várias obras como essa, de uma ponte.

Rio ao lado da ferrovia.
Por volta de 18:30 chegamos a Beijing. Cansados, mas contentes em ter conhecido um pouco mais sobre a China. Já estou pensando no próximo roteiro. Afinal, passear é enriquecer os conhecimentos e fazer novas descobertas é muito bom. Eu adoro!

















































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