As Pipas Chinesas e o Parque Tao ran ting

Você já empinou uma pipa? Era uma das minhas brincadeiras preferidas quando mais nova. Eu e meu irmão aprendemos com nossos primos, Fernando e Armando, a construir as próprias pipas. Bambu, papel fino – ou papel de pão – cola de farinha, rabiola de jornal – mais tarde de plástico, linha "10". Pra esticar o papel da pipa na armação, era só passá-la por cima do fogo, com cuidado, pra não queimar. Ah, bons tempos!

Soltar pipa – fengzheng (pipa) - é uma tradição aqui na China. Afinal, também é uma invenção chinesa de milhares de anos. Houve uma época que elas eram usadas como artefatos militares de sinalização. Mas caíram no gosto popular e construir pipas tornou-se uma arte por aqui. Elas são bem diferentes das nossas. Têm de todas as formas e tamanhos. Algumas enormes.

Na segunda-feira, dia 02, fomos ao Parque Tao ran ting, aqui em Beijing, ver um Festival de Pipas patrocinado pela China Mobile – empresa de telefones celulares. O lugar estava bem movimentado. É semana de feriado na China. Hoje, dia 04 de abril, é dia de finados para os chineses. Eles vão aos cemitérios colocar flores para os mortos, queimar bilhetes e até dinheiro. Eles acreditam que a fumaça leva os pedidos escritos para os espíritos e o dinheiro serve para agradá-los.

Mas voltando ao assunto das pipas. Quem se diverte com elas são os adultos e não os jovens. São os mais velhos que cultivam a arte de montar e empinar suas pipas. E a coisa é complexa, a começar pelo carretel, bem diferente dos que costumamos usar no Brasil – onde geralmente a linha é enrolada numa lata ou garrafa. Os chineses ficam horas parados, admirando suas pipas no ar, enquanto conversam entre si.

Carretel de pipa.

Fomos ao parque com duas amigas chinesas, Gao e Sunny e, é claro, compramos uma pipa. O grande desafio foi colocá-la no ar. Deu trabalho. É preciso uma grande dose de “paciência chinesa”, além de uma técnica especial. Pelo menos foi o que achei. Os chineses são muito solidários nessa hora e alguns chegavam para nos dar dicas. Faltava vento só pra gente, porque as pipas dos chineses estavam bem lá no alto, colorindo o céu. E a gente apanhando. A pipa prendeu nas árvores, caiu de bico, o carretel enrolou...aconteceu de tudo! Mas, quando já estávamos saindo do Parque aproveitamos uma área mais aberta, sem árvores, na beira do lago e, finalmente, conseguimos colocar nossa pipa no alto! Mas a alegria não durou mais de 5 minutos. Logo ela começou a embicar para o lado direito e foi mergulhando no céu, fora de controle. Resultado: prendeu na árvore. Um senhor chinês tentou nos ajudar, gritando ao nosso lado alguma instrução... mas quem disse que entendemos alguma coisa? Ele ficou mais nervoso do que nós. Ele deve ter achado graça daqueles estrangeiros sem a mínima intimidade com a pipa. Felizmente conseguimos baixa-la até o chão. Está guardadinha para a próxima aventura. Só que ela vai precisar de uns ajustes. Mas estamos pensando em arrumar algum pedaço de bambu para construir nossa pipa “brasileira”, com uma bela rabiola. Aposto que os chineses vão ficar olhando, admirados, as piruetas que ela vai dar no ar. Porque as pipas daqui ficam paradinhas no céu. Não dá pra “debicar”. Não têm muita graça.

Gao, Gigi e Sunny no 2º andar do ônibus. Preço da passagem: o equivalente a R$0,25.

Olha o tamanho dessa pipa.

Será que ela realmente voa?

O efeito dessa era bem legal.

Comprando a nossa pipa.

Depois de muitas tentativas conseguimos colocar nossa pipa no ar.

Gigi soltando pipa.

Nossa pipa.

 

Gigi com a pipa, depois que ela prendeu na árvore.

 

O Parque que visitamos, o Taoranting, tem diversos pavilhões, sendo 10 deles réplicas de pavilhões de outras províncias chinesas. Tem um lago enorme que corta todo o parque, onde as pessoas andam de barquinho ou pedalinho, pescam... Há portais, pontes e muita área verde. No passado o local servia de inspiração para poetas, era ponto de ensaio de estudantes e local de relaxamento. Vi algumas pessoas praticando Tai Chi, um rapaz tocando trompete, um senhor dando show com seus brinquedos de plástico. Os chineses se divertem de maneira bem simples.

O chinês fazendo malabarismos.

 

Um casal fazendo Tai Chi.

Chinês solitário tocando música. Dava pra ouvir de longe.

Uma das pontes do parque.

Portais como esse do parque estão espalhados por toda a cidade.

Um dos muitos Pavilhões à beira do lago.

Os Pavilhões são de diferentes tipos e tamanhos.

Pavilhões próximos à água: arquitetura chinesa baseada no Feng Shui. 

Sunny, Gigi e Gao.

 

"Três" crianças!

Elas brincaram o tempo todo.

Gigi se divertiu...

... e a gente também.

Gigi pegando carona.

Dentro de uma gruta no parque.

Foi um dia bem frio. Gigi estava com três blusas e ainda colocou o casaco da Gao.

 

Mais uma vez a Gigi foi atração entre os chineses. Teve uma hora que ficou cercada por mais de 10 pessoas que queriam tirar fotos com ela. Crianças e mulheres, principalmente. Eles olham pra ela como se estivessem olhando pra algo que nunca viram na vida! Também, já falei e repito: é mesmo uma boneca!

A garotada chinesa ficou um tempão tirando foto com a Gigi.

Olha que chinesinha linda ao lado da Gigi.

Essa aí, de xuxinha, estava toda inibida pra chegar perto da Gigi.

Fofas!

Os adultos também queriam sair nas fotos.

A sessão de fotografias parecia não ter fim.

Olha essa aqui com os óculos sem lentes.

As adolescentes também tiveram vez.

Essa aí até abraçou a Gigi.

No final a Gigi já estava pedindo "socorro", porque as chinesas não acabavam nunca de tirar fotos.  

Ela  gritou "Mãe, quero soltar pipa!"

Vida de celebridade cansa!